São Paulo, Sábado, 13 de Fevereiro de 1999
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DISCO CRÍTICA
CD exalta beleza africana

da Redação

A velha convicção de que a percussão é a "cozinha" de qualquer conjunto musical cai por terra no universo de criação do Ilê Aiyê. O bloco acaba de lançar "Ilê Aiyê - 25 Anos", reforçando a ousadia de impor o ritmo à melodia. Aqui, a batida do tambor dá o tom e pontua as discursivas letras em tom de manifesto vigoroso.
O som vultoso do grupo transforma em música a idéia, presente no imaginário afro-brasileiro, de suntuosidade e grandeza dos reinos africanos de onde vieram os escravos, algo comparável à cocanha do imaginário ocidental. Na poesia do Ilê Aiyê, a escravidão, o vínculo do negro com a construção do Brasil e o sincretismo religioso são lidos sob uma ótica que elogia sua beleza e vigor físico, além da riqueza de sua cultura.
Seu estilo resulta da fusão do ijexá, ritmo africano, com o samba. A estrutura é parecida com a do samba-reggae (que só acrescenta o reggae a esse casamento).
O CD tem música engajada, como "Exclusão" e música para dançar, como "Poeira". Em algumas faixas, um pouco do tom melado que foi hiperbolizado pela axé music, como em "Deusa do Ébano". (SC)

Disco: Ilê Aiyê - 25 Anos
Artista: Ilê Aiyê
Lançamento: Natasha
Quanto: R$ 18 (o CD, em média)



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