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DISCO/CRÍTICA
A nave vai, com apuro e esmero
DA REPORTAGEM LOCAL
Já está há alguns meses em
cartaz e não entrou no circuitão, mas o álbum "Turista
Aprendiz" chega na frente, e
com folga, de muito do que a
sagrada MPB produziu no final
do século passado.
Pode-se dizer que é tradicionalista e que as pesquisas de
Mário de Andrade estão firmes
na jogada, a um tempo só enobrecendo (pela qualidade) e
entravando (pela repetição) o
material.
Mas o que se pode notar pela
audição é que o esmero e o
apuro dos nove músicos que
compõem o grupo é provavelmente até mais responsável pela beleza do projeto que as inevitabilidades de pesquisa e repertório.
Tanto quanto arrebatadores
temas de domínio público
("Coco Dendê Trapiá", "Ô
Baiana" ou "Mina Terê Terê",
por exemplo) ou o samba paulista taludo de Geraldo Filme
("Batuque de Pirapora") vão
enriquecendo o CD: arranjos
sofisticados, tramas vocais
complexas, interpretações e
instrumentais bem urdidos.
Pairam as dúvidas: por que
músicos de cor menos tradicionalista raramente ostentam as
qualidades técnicas desses artistas? Por que esses não viajam
também ao contemporâneo?
Mas fica o melhor de tudo:
são artistas jovens que estão tocando a Barca e provando que
revisão e redundância não são
sinônimos. Assim a nave vai.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Turista Aprendiz
Grupo: A Barca
Lançamento: CPC-Umes
Quanto: R$ 25, em média
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