São Paulo, terça-feira, 13 de março de 2001

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DISCO/CRÍTICA

A nave vai, com apuro e esmero

DA REPORTAGEM LOCAL

Já está há alguns meses em cartaz e não entrou no circuitão, mas o álbum "Turista Aprendiz" chega na frente, e com folga, de muito do que a sagrada MPB produziu no final do século passado.
Pode-se dizer que é tradicionalista e que as pesquisas de Mário de Andrade estão firmes na jogada, a um tempo só enobrecendo (pela qualidade) e entravando (pela repetição) o material.
Mas o que se pode notar pela audição é que o esmero e o apuro dos nove músicos que compõem o grupo é provavelmente até mais responsável pela beleza do projeto que as inevitabilidades de pesquisa e repertório.
Tanto quanto arrebatadores temas de domínio público ("Coco Dendê Trapiá", "Ô Baiana" ou "Mina Terê Terê", por exemplo) ou o samba paulista taludo de Geraldo Filme ("Batuque de Pirapora") vão enriquecendo o CD: arranjos sofisticados, tramas vocais complexas, interpretações e instrumentais bem urdidos.
Pairam as dúvidas: por que músicos de cor menos tradicionalista raramente ostentam as qualidades técnicas desses artistas? Por que esses não viajam também ao contemporâneo?
Mas fica o melhor de tudo: são artistas jovens que estão tocando a Barca e provando que revisão e redundância não são sinônimos. Assim a nave vai.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)


Turista Aprendiz
    
Grupo: A Barca
Lançamento: CPC-Umes
Quanto: R$ 25, em média




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