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Museu do Ouro vai exibir acervo na Pinacoteca
Instituição de Bogotá, que possui a maior coleção pré-hispânica de ouro no mundo, terá mostra em SP em 2010
Um dos destaques da exposição é o poporo, recipiente de mais de mil anos usado pelos índios para misturar cal na coca
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ
Reaberto ao público em novembro passado, após uma reforma que dobrou sua área expositiva, o Museu de Ouro, em
Bogotá, planeja expor parte de
seu acervo em São Paulo, na Pinacoteca do Estado.
"A mostra está prevista para
2010 e um dos destaques será
um objeto chamado poporo, de
mais de mil anos", diz Marcelo
Araujo, 51, diretor da Pinacoteca, à Folha, em Bogotá.
O poporo é um recipiente
usado pelos índios para misturar cal na coca. Foi com um poporo, denominado Quimbaya,
aliás, que começou a coleção do
museu, em 1939, apesar de algumas peças já estarem sob
guarda do Banco de la República, que criou a instituição.
"Antes de 1939, algumas peças chegaram a ser derretidas,
mas felizmente perceberam o
valor histórico delas e as preservaram; a aquisição de 1939
marcou uma nova fase, que culminou com a abertura do museu, em 1959", afirma Roberto
Lleras, curador do museu e
professor da Universidade Federal da Colômbia.
Em 1959, o museu foi instalado no subsolo do banco até
que, em 1968, sua sede definitiva foi inaugurada, com projeto
do arquiteto colombiano Germán Samper Gnecco, também
responsável pela extensão do
prédio, no centro de Bogotá.
Com a nova ala, conseguida
graças à anexação de um prédio
vizinho, a área expositiva chegou a 4.000 m2. Para toda a
transformação, o Banco de la
República gastou R$ 40 milhões em investimento direto,
sem o uso de leis de incentivo.
"Criamos toda uma nova forma de expor as peças já que a
visão dos arqueólogos mudou
muito. Com isso, o fio condutor
de nossa exposição é a relação
do homem com o metal nos últimos 9.000 anos", diz Lleras.
Acervo precioso
O museu conta com 52 mil
peças -34 mil em metal, todas
do período pré-colombiano.
Desse total, apenas 6.000 peças
estão em exibição, o que permite que parte dessa coleção ainda seja exibida, de forma permanente, em outras cinco cidades do país, além de realizar itinerâncias. Em 2008, por exemplo, parte do acervo foi visto no
Japão, no Canadá e na Áustria.
Curiosamente, esse acervo
precioso, considerado a maior
coleção pré-hispânica de ouro
no mundo, foi constituído de
forma irregular. "Cerca de 95%
de nossas peças são oriundas de
coleta ilegal, e o banco teve de
deixar de comprar peças em
2002, quando um decreto proibiu isso", diz Lleras.
Um dos destaques do Museu
do Ouro, comprado de um camponês, em 1968, e que vale US$
15 milhões, é a Balsa Muisca
(600 d.C. - 1600 d.C.), em exibição no último piso. Trata-se de
uma peça de oferenda que representa uma cerimônia dos
índios muiscas, quando o cacique navegava em um bote até o
centro de uma lagoa, recoberto
de ouro em pó, uma das histórias que gerou o mito do Eldorado. Mas, para ver essa obra e
o Quimbaya, é preciso ir a Bogotá. "Do museu, essas duas peças não saem", afirma Lleras.
O jornalista FABIO CYPRIANO viajou a convite da Proexport Colômbia
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