São Paulo, sexta-feira, 13 de março de 2009

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Museu do Ouro vai exibir acervo na Pinacoteca

Instituição de Bogotá, que possui a maior coleção pré-hispânica de ouro no mundo, terá mostra em SP em 2010

Um dos destaques da exposição é o poporo, recipiente de mais de mil anos usado pelos índios para misturar cal na coca

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ

Reaberto ao público em novembro passado, após uma reforma que dobrou sua área expositiva, o Museu de Ouro, em Bogotá, planeja expor parte de seu acervo em São Paulo, na Pinacoteca do Estado. "A mostra está prevista para 2010 e um dos destaques será um objeto chamado poporo, de mais de mil anos", diz Marcelo Araujo, 51, diretor da Pinacoteca, à Folha, em Bogotá.
O poporo é um recipiente usado pelos índios para misturar cal na coca. Foi com um poporo, denominado Quimbaya, aliás, que começou a coleção do museu, em 1939, apesar de algumas peças já estarem sob guarda do Banco de la República, que criou a instituição.
"Antes de 1939, algumas peças chegaram a ser derretidas, mas felizmente perceberam o valor histórico delas e as preservaram; a aquisição de 1939 marcou uma nova fase, que culminou com a abertura do museu, em 1959", afirma Roberto Lleras, curador do museu e professor da Universidade Federal da Colômbia.
Em 1959, o museu foi instalado no subsolo do banco até que, em 1968, sua sede definitiva foi inaugurada, com projeto do arquiteto colombiano Germán Samper Gnecco, também responsável pela extensão do prédio, no centro de Bogotá.
Com a nova ala, conseguida graças à anexação de um prédio vizinho, a área expositiva chegou a 4.000 m2. Para toda a transformação, o Banco de la República gastou R$ 40 milhões em investimento direto, sem o uso de leis de incentivo.
"Criamos toda uma nova forma de expor as peças já que a visão dos arqueólogos mudou muito. Com isso, o fio condutor de nossa exposição é a relação do homem com o metal nos últimos 9.000 anos", diz Lleras.

Acervo precioso
O museu conta com 52 mil peças -34 mil em metal, todas do período pré-colombiano. Desse total, apenas 6.000 peças estão em exibição, o que permite que parte dessa coleção ainda seja exibida, de forma permanente, em outras cinco cidades do país, além de realizar itinerâncias. Em 2008, por exemplo, parte do acervo foi visto no Japão, no Canadá e na Áustria.
Curiosamente, esse acervo precioso, considerado a maior coleção pré-hispânica de ouro no mundo, foi constituído de forma irregular. "Cerca de 95% de nossas peças são oriundas de coleta ilegal, e o banco teve de deixar de comprar peças em 2002, quando um decreto proibiu isso", diz Lleras.
Um dos destaques do Museu do Ouro, comprado de um camponês, em 1968, e que vale US$ 15 milhões, é a Balsa Muisca (600 d.C. - 1600 d.C.), em exibição no último piso. Trata-se de uma peça de oferenda que representa uma cerimônia dos índios muiscas, quando o cacique navegava em um bote até o centro de uma lagoa, recoberto de ouro em pó, uma das histórias que gerou o mito do Eldorado. Mas, para ver essa obra e o Quimbaya, é preciso ir a Bogotá. "Do museu, essas duas peças não saem", afirma Lleras.

O jornalista FABIO CYPRIANO viajou a convite da Proexport Colômbia


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