São Paulo, sexta, 13 de março de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice CINEMA ESTRÉIAS Coppola renova fórmula de Grisham
JOSÉ GERALDO COUTO da Equipe de Articulistas "O Homem Que Fazia Chover" é o menos pessoal dos filmes assinados por Francis Ford Coppola. Bem que ele tentou, em entrevistas promocionais, dizer que via o enredo "num nível mítico", com seu protagonista como "um cavaleiro puro que socorre donzelas em perigo". Mas não colou. O filme é muito mais John Grisham do que Coppola. O diretor empresta seu talento narrativo, seu bom gosto e sua segurança na direção de atores para contar a enésima versão da fórmula básica do escritor: jovem advogado idealista enfrenta corporação corrupta e corruptora para defender os fracos e oprimidos. Desta vez, a vilã é uma gigantesca companhia de seguros, a Great Benefit (você faria seguro com uma companhia com esse nome?), que se recusa a pagar o transplante de medula de um pobre e indefeso rapaz que sofre de leucemia. Quem se insurge contra os malvados é o advogado recém-formado Rudy Baylor (o ator Matt Damon, quem mais?). Ele terá que travar nas cortes um duelo com o ultra-experiente e inescrupuloso Leo F. Drummond (interpretado por Jon Voight), defensor da companhia. Galeria de personagens Nas horas vagas, Rudy tenta salvar das garras de um marido truculento a bela e frágil Kelly Riker (Claire Danes) e evitar que uma velhinha simpática seja lesada em seu testamento. Seguem-se drama, suspense, romance e comédia nas doses exigidas pelo público médio norte-americano viciado em filmes de tribunal. O mérito maior de Coppola é, mesmo sem alterar a fórmula, dar ênfase especial ao humor, graças a uma saborosa galeria de personagens secundários que participam da trama, a começar pelo ajudante de Rudy, Deck Shifflet (Danny De Vito), um picareta que se formou em direito, mas levou pau seis vezes no exame da ordem dos advogados. Há ainda o primeiro patrão do herói, Bruiser Stone (Mickey Rourke), um misto de advogado e gângster com anel de ouro no dedo mindinho. Toque noir Esses personagens sujos e seus obscuros ambientes dão ao filme um toque "noir" que contrasta um pouco com o universo predominantemente almofadinha das histórias concebidas por John Grisham. À parte isso, o diretor também procedeu, em "O Homem Que Fazia Chover", a uma "limpeza" dos elementos mais insuportáveis do gênero, a saber: os excessos melodramáticos, a música kitsch, os truques baratos de suspense. O resultado, como diria o crítico Inácio Araujo, é um filme que se assiste com prazer e se esquece com facilidade. Filme: O Homem Que Fazia Chover Produção: EUA, 1997 Direção: Francis Ford Coppola Com: Matt Damon, Jon Voight, Claire Danes, Danny De Vito Quando: a partir de hoje, nos cines Marabá, Bristol, Gemini 2, West Plaza 4 e circuito Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
|