São Paulo, sexta, 13 de março de 1998

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ACONTECE NO RIO
Destino une Severo e Beltrão em peça

ANNA LEE
da Sucursal do Rio

A peça "A Dona da História", de João Falcão, é o resultado de uma série de "acasos do destino" que aconteceram nas vidas das atrizes Marieta Severo e Andréa Beltrão nos últimos nove anos. O espetáculo estréia hoje no Teatro do Leblon (zona sul do Rio).
A peça fala sobre uma mulher que, ao chegar aos 50 anos, resolve avaliar as possibilidades que o destino lhe deu quando tinha 20.
"Existem coisas absolutamente misteriosas. A vida é feita de um emaranhado de fatos que não são completamente determinados pela gente. Tenho consciência de que são os acasos que nos levam aonde realmente temos que ir. Acredito em destino", disse Marieta.
"Muitas vezes achamos que escolhemos nosso caminho, mas é apenas uma ilusão para acalmar a angústia de ficar totalmente à mercê do destino. As pequenas decisões que tomamos a cada minuto sempre nos levam para o que já está marcado", concordou Andréa.
As atrizes se conheceram em 1989, quando encenaram a peça "A Estrela do Lar". Ficaram amigas. Andréa escolheu Marieta para ser madrinha de seu primeiro filho.
Da convivência frequente nasceu o desejo de trabalharem juntas mais uma vez no teatro. Ouviram falar do autor e diretor João Falcão e foram assistir a uma peça dele.
"Era um espetáculo infantil, hoje nem sabemos porque fomos assistir, não tínhamos muita razão, mas fomos e adoramos. O Falcão falava do universo que estávamos procurando. Ligamos para ele no outro dia", contou Marieta.
Mais acasos do destino. Falcão já tinha idéia de fazer uma peça em que um personagem fosse feito por duas atrizes.
Em "A Dona da História", Marieta e Andréa interpretam o mesmo personagem em dois momentos diferentes, aos 20 e 50 anos de idade. As duas contracenam o tempo todo.
"O interessante do texto é que dois tempos são colocados simultaneamente no palco. Não é um flashback", disse Marieta.
Aos 20 anos, o personagem avalia todas as suas opções, examina os caminhos que tem pela frente. Aos 50, dialoga com o passado e tenta descobrir qual teria sido seu destino se não tivesse ido a um baile, que considera determinante em sua vida, e se casado Luiz Cláudio. "Surge aquela pergunta que todo mundo já fez pelo menos uma vez na vida: e se eu tivesse feito tudo diferente? Trabalhando sobre essa dualidade de memória versus projeção, a peça explora todas as possibilidades do destino daquela mulher", contou Marieta.
"A Dona da História" também dá espaço para a imaginação da platéia. "Realizamos o texto de maneira simples, sem muitas informações visuais, para que os espectadores possam, junto com o personagem, brincar com as possibilidades do destino. Em momento nenhum quisemos criar dúvidas sobre quem está pensando, se é a mulher aos 50 ou aos 20", disse Andréa.
A não ser pela caracterização do personagem. A figurinista Emília Duncan criou um visual que deixa as atrizes muito parecidas. Marieta e Andréa também desenvolveram um repertório gestual e escolheram um registro vocal semelhante.
"Apesar do trabalho minucioso de composição da personagem, nos preocupamos mais em estar em sintonia do que em ficar semelhantes", disseram as atrizes.

Peça: A Dona da História
Onde: Teatro Leblon, sala Fernanda Montenegro (rua Conde Bernadote, 26, tel. 021/294-0347)
Quando: de qui a sáb, 21h; dom, 19h30
Quanto: R$ 20 (qui), R$ 25 (sex e dom) e R$ 30 (sáb)



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