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ACONTECE NO RIO
Destino une Severo
e Beltrão em peça
ANNA LEE
da Sucursal do Rio
A peça "A Dona da História", de
João Falcão, é o resultado de uma
série de "acasos do destino" que
aconteceram nas vidas das atrizes
Marieta Severo e Andréa Beltrão
nos últimos nove anos. O espetáculo estréia hoje no Teatro do Leblon (zona sul do Rio).
A peça fala sobre uma mulher
que, ao chegar aos 50 anos, resolve
avaliar as possibilidades que o destino lhe deu quando tinha 20.
"Existem coisas absolutamente
misteriosas. A vida é feita de um
emaranhado de fatos que não são
completamente determinados pela gente. Tenho consciência de que
são os acasos que nos levam aonde
realmente temos que ir. Acredito
em destino", disse Marieta.
"Muitas vezes achamos que escolhemos nosso caminho, mas é
apenas uma ilusão para acalmar a
angústia de ficar totalmente à
mercê do destino. As pequenas decisões que tomamos a cada minuto sempre nos levam para o que já
está marcado", concordou Andréa.
As atrizes se conheceram em
1989, quando encenaram a peça
"A Estrela do Lar". Ficaram amigas. Andréa escolheu Marieta para
ser madrinha de seu primeiro filho.
Da convivência frequente nasceu o desejo de trabalharem juntas
mais uma vez no teatro. Ouviram
falar do autor e diretor João Falcão
e foram assistir a uma peça dele.
"Era um espetáculo infantil, hoje
nem sabemos porque fomos assistir, não tínhamos muita razão,
mas fomos e adoramos. O Falcão
falava do universo que estávamos
procurando. Ligamos para ele no
outro dia", contou Marieta.
Mais acasos do destino. Falcão já
tinha idéia de fazer uma peça em
que um personagem fosse feito
por duas atrizes.
Em "A Dona da História", Marieta e Andréa interpretam o mesmo personagem em dois momentos diferentes, aos 20 e 50 anos de
idade. As duas contracenam o
tempo todo.
"O interessante do texto é que
dois tempos são colocados simultaneamente no palco. Não é um
flashback", disse Marieta.
Aos 20 anos, o personagem avalia todas as suas opções, examina
os caminhos que tem pela frente.
Aos 50, dialoga com o passado e
tenta descobrir qual teria sido seu
destino se não tivesse ido a um
baile, que considera determinante
em sua vida, e se casado Luiz Cláudio. "Surge aquela pergunta que
todo mundo já fez pelo menos
uma vez na vida: e se eu tivesse feito tudo diferente? Trabalhando
sobre essa dualidade de memória
versus projeção, a peça explora todas as possibilidades do destino
daquela mulher", contou Marieta.
"A Dona da História" também
dá espaço para a imaginação da
platéia. "Realizamos o texto de
maneira simples, sem muitas informações visuais, para que os espectadores possam, junto com o
personagem, brincar com as possibilidades do destino. Em momento nenhum quisemos criar
dúvidas sobre quem está pensando, se é a mulher aos 50 ou aos
20", disse Andréa.
A não ser pela caracterização do
personagem. A figurinista Emília
Duncan criou um visual que deixa
as atrizes muito parecidas. Marieta
e Andréa também desenvolveram
um repertório gestual e escolheram um registro vocal semelhante.
"Apesar do trabalho minucioso
de composição da personagem,
nos preocupamos mais em estar
em sintonia do que em ficar semelhantes", disseram as atrizes.
Peça: A Dona da História
Onde: Teatro Leblon, sala Fernanda
Montenegro (rua Conde Bernadote, 26, tel.
021/294-0347)
Quando: de qui a sáb, 21h; dom, 19h30
Quanto: R$ 20 (qui), R$ 25 (sex e dom) e
R$ 30 (sáb)
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