São Paulo, Sábado, 13 de Março de 1999
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REPERCUSSÃO

John Neschling, diretor artístico da Orquestra Sinfônica de São Paulo - "Foi uma grande musicista brasileira, uma glória do canto lírico nacional. Havia muito tempo não cantava, mas era uma personalidade da música. Como muitos brasileiros, sofreu ao ter de sair de seu país para trabalhar."

Roberto Minczuk, regente-assistente da Osesp e regente titular da Orquestra de Ribeirão Preto - "Foi para Bidu Sayão que Villa-Lobos dedicou "Bachianas Brasileiras nº 5", uma das mais belas músicas nacionais. Era o maior expoente brasileiro do canto lírico. Curiosamente, coube a três mulheres representar nossa música lírica internacionalmente, depois de Carlos Gomes e Villa-Lobos: Bidu Sayão, Magda Tagliaferro e Guiomar Novaes."

Isaac Karabtchevsky, maestro - "Considero Bidu Sayão o maior mito do canto brasileiro. Impressiona-me a autenticidade de suas interpretações de obras de Villa-Lobos. Possuía um timbre inigualável entre os cantores nacionais."

Luiz Fernando Malheiro, regente - "Falei com Bidu há duas semanas, estava tão lúcida... Ela era um exemplo para jovens cantores: não tinha uma grande voz, mas, com força de vontade, conseguiu uma técnica excelente, que projetava seu canto em qualquer teatro. Quando começou, seus familiares falavam: "Cantar? Com essa vozinha?"."

Rosana Lamosa, soprano -"Ela foi uma grande referência na minha carreira. Todo mundo falava para Bidu que sua voz não era grande, como aconteceu comigo. Era uma diva, muito inteligente, e soube escolher muito bem o que era próprio para sua voz. Foi a grande Mimi, de "La Bohème", personagem que recentemente eu também interpretei. Sua morte é uma notícia muito triste."

Raphael Cilento, pesquisador de música lírica - "Vi Bidu uma única vez, em 46, no Municipal de São Paulo, quando tinha 14 anos. Ela interpretava "La Bohème". Era um espetáculo. Sua grande mágoa foi não ter sido reconhecida no Brasil."

Diogo Pacheco, maestro -"Tenho todos os seus discos, conhecia Bidu Sayão havia muitos anos. É difícil encontrar uma cantora como ela, que pronunciava com dedicação cada sílaba. Era quase um João Gilberto da ópera. Estou triste e comovido. O Brasil não dá importância a seus valores."


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