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ERUDITO
Festival, que começa amanhã, tenta apresentar toda a tetralogia "O Anel dos Nibelungos", apostando em "A Valquíria"
Amazonas aceita desafio de Wagner
IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Uma apresentação ao ar livre,
na praça São Sebastião, de "Cavalleria Rusticana", de Mascagni,
abre amanhã a sexta edição do
Festival Amazonas de Ópera.
Com duração até 25 de maio, o
evento está sendo custeado pelo
governo amazonense (R$ 2,5 milhões), Funarte (R$ 300 mil) e Ministério da Cultura (R$ 150 mil),
de acordo com o secretário de
Cultura, Turismo e Desporto do
Amazonas, Robério Braga.
"O festival deste ano terá o teatro Amazonas completamente recuperado", diz o secretário, que
afirma ter investido R$ 1,6 milhão
na reforma, incluindo iluminação
cênica computadorizada, pintura
interna e externa e substituição do
sistema de ventilação da casa,
inaugurada em 1896.
O principal destaque do festival
é a montagem da ópera "Die Walküre" ("A Valquíria"), de Richard
Wagner, entre 18 e 23 de abril, no
teatro Amazonas.
Entre 5 e 23 de maio, o teatro
abriga récitas alternadas de "Don
Giovanni", de Mozart, e "Condor", de Carlos Gomes.
Por sua vez, no período entre 19
e 28 de abril, o Teatro da Instalação apresenta "Zap - O Resumo
da Ópera", dirigido por Marcelo
Tas, que foi encenado em São
Paulo no ano passado.
"Die Walküre", com regência
do diretor artístico do festival,
Luiz Fernando Malheiro, e direção cênica do britânico Aidan
Lang (que, em São Paulo, assinou
espetáculos como "Don Giovanni", "Cavalleria Rusticana" e "I
Pagliacci"), marca o início da tentativa amazonense de encenar as
quatro óperas que compõem o ciclo wagneriano "O Anel dos Nibelungos".
"Começamos pela "Valquíria"
porque talvez seja a ópera mais
apaixonante da tetralogia", explica Malheiro. "No ano que vem,
devemos dar continuidade ao ciclo com "Siegfried", em um festival
que deve ter ainda "La Cenerentola", "Don Carlo" e "I Pagliacci"."
Aposta nacional
Malheiro apostou em elenco
quase 100% nacional para a empreitada. A soprano norte-americana Maria Russo (Brünnhilde) é
o único nome importado, em
meio a vozes como as de Lício
Bruno (Wotan), Eduardo Álvares
(Siegmund), Laura de Souza (Sieglinde), Pepes do Valle (Hunding) e Celine Imbert (Fricka).
Raramente feitas no Brasil, as
óperas de Wagner representam
um desafio não apenas para as vozes, mas também para a orquestra. A Amazonas Filarmônica tocará, na ocasião, com todos os
instrumentos requeridos na partitura, embora não exatamente no
número pedido pelo compositor
-Wagner demanda, por exemplo, 64 musicistas de cordas (Malheiro empregará somente 42) e
seis harpas (serão utilizadas
duas), efetivo que não caberia no
fosso do teatro.
Com regência de Marcelo de Jesus e direção cênica de Iacov Hillel, "Don Giovanni" também investe em cantores brasileiros (como o barítono Paulo Szot, no papel-título) -a exemplo de "Condor" (que também é conhecida
como "Odalea"), última ópera de
Carlos Gomes, praticamente esquecida, cuja partitura estava em
estado tão precário que o maestro
Armando Belardi, que a regeu em
São Paulo pela última vez, em
1986, não pôde utilizar a grade de
orquestra, lançando mão da redução para canto e piano.
"Com o apoio da Funarte, reconstruímos o material em computador", diz Malheiro, que preparou o coro na montagem de
1986 e, desta vez, regerá a ópera.
"Vamos fazer a partitura inteira,
incluindo o balé do segundo ato,
que não consta da edição de canto
e piano." O alemão Bruno Berger-Gorski é o responsável pela direção cênica.
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