São Paulo, segunda, 13 de abril de 1998

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30 mil vêem Stones no Rio; agora é a vez de São Paulo

BRUNO GARCEZ
free-lance para a Folha

ISABEL CLEMENTE

da Sucursal do Rio

Os Rolling Stones chegam hoje a São Paulo, após um show no Rio no último sábado marcado pela animação do público e o profissionalismo dos músicos e, longe das imediações do palco, por invasões e venda de ingressos falsos. Em São Paulo, o público do espetáculo foi limitado a 32.670 pessoas, pelo Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis). A capacidade está próxima à do público registrado na apresentação carioca, cerca de 30 mil pessoas, segundo a PM. O órgão alegou motivos de segurança para não ampliar a capacidade de público para 40 mil pessoas, lotação pretendida pela produção do show na cidade. Ainda restam cerca de 300 ingressos de cadeira central (R$ 200) e mil ingressos de pista e arquibancada (R$ 65), à venda somente na loja C&A do Shopping Iguatemi. Além dos incidentes, a apresentação dos Stones no Rio não teve todos os ingressos vendidos. Segundo Jeff Neale, sócio da Dueto, empresa que produz os shows dos Stones no Brasil, a sobra de ingressos se deveu ao fato do show ter acontecido durante a Semana Santa, época em que muitas pessoas viajam. A explicação de Gerard Bourgeiseau, presidente da Riotur, empresa que administra o Sambódromo foi outra. "A transmissão da Globo pode ter influenciado. Muita gente deve ter preferido assistir o show pela TV", afirmou. Apesar de ter havido sobra de ingressos não houve prejuízo para a produção. O contrato de transmissão exclusiva assinado com a Rede Globo foi de cerca de R$ 600 mil, o que cobriu eventuais prejuízos do espetáculo. Cerca de 500 ingressos falsos foram apreendidos nas bilheteria do Sambódromo. Uma luz negra era utilizada pela equipe que controlava as roletas para detectar as imitações. Segundo a Dueto, os ingressos falsos não poderiam ter sido comprados nas lojas C&A, como alegavam alguns. O conselho da produção para que o mesmo não aconteça em São Paulo é não usar outra bilheteria que não seja oficial. Os seguranças evitaram dar informações à imprensa, uma vez que muitos dos que trabalharam no espetáculo eram policiais militares e não queriam se expor, segundo informou um dos chefes da segurança do espetáculo, um major da PM. A Polícia Militar pouco fez diante dos cambistas que agiam livremente em frente às bilheterias. Um cambista propunha comprar até cinco ingressos com desconto para estudante com apenas uma carteira da UNE. "Não tem erro. Tem um camarada meu na bilheteria", afirmou. Um dos únicos momentos em que a PM decidiu atuar foi quando um grupo de pessoas forçou os portões de entrada e conseguiu invadir o Sambódromo. Os invasores -cerca de 70, segundo a PM- foram expulsos por um grupo formado por seguranças e policiais. Houve uma briga durante a apresentação dos Stones, envolvendo quatro pessoas, rapidamente separadas pelos seguranças. Questionados sobre o motivo da confusão, os seguranças disseram não saber de briga alguma. A reportagem da

Folha flagrou cambistas atuando na porta da loja C&A, dentro do shopping Rio Sul (zona sul). Eles vendiam ingressos para estudantes a R$ 55. O preço oficial era R$ 25.
O casal Fábio Bonato e Vanessa disse ter pago R$ 140 pelas entradas na mão do cambista (o preço oficial era R$ 65), porque teriam sido informados incorretamente de que os ingressos nas bilheterias já estavam esgotados.
Por volta de 22h05, quem esperou conseguiu assistir ao show, que tinha começado às 21h45. Os portões foram abertos, e cerca de cem pessoas entraram, segundo a produção.


Colaborou Jaqueline Ramos, free-lance para a Folha.




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