RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

A história militar tradicional costumava ignorar aquilo sem o qual as guerras não podem ser combatidas -o soldado. A ênfase era no grande movimento de tropas e na ação dos generais. Felizmente, no século 20, a historiografia, principalmente a de língua inglesa, deixou de olhar a floresta do alto para se concentrar na árvore. Este documentário é uma ótima versão audiovisual dessa atitude.
O historiador americano Stephen Ambrose, morto em 2002, fez sua carreira deslanchar entrevistando veteranos de guerra. Ele também escreveu uma biografia de Dwight Eisenhower, comandante supremo dos aliados ocidentais e depois presidente dos EUA, e outra do polêmico presidente Richard Nixon. Mas tornou-se best-seller mundial com livros como "Band of Brothers", que se transformou em uma prestigiada minissérie e teve como subproduto este documentário com os veteranos.
Não se trata de uma transposição literal do livro para a tela, pois, além de as entrevistas terem que ser obviamente refeitas, também foram incluídos personagens que não constam do livro.
Ambrose tem sido acusado, entre outros, pelo historiador militar inglês Max Hastings, de fazer uma história "romântica" dos soldados. É em parte verdade. Ambrose foi descrito por um colunista americano como um "animador de torcida", mais interessado em contar uma boa história do que em escrever história.
Ao contrário do que se depreende dos livros de Ambrose, o soldado americano ou britânico médio era um combatente inferior ao seu inimigo alemão, como Hastings e outros demonstraram em livros recentes. A exceção eram os soldados das unidades de elite, como os pára-quedistas da companhia E deste documentário, cuja experiência refletiu bem o drama do soldado na maior guerra da história humana.