São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2005

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Deneuve dá "lição" e ganha Palma especial

DO ENVIADO A CANNES

Catherine Deneuve, 62, estrela de mais de 50 filmes, desbancou as novatas anteontem na abertura de gala do Festival de Cannes. Estava radiante e foi o destaque nos jornais e nas TVs. Ontem, participou do evento "Lição de Atriz" -longa entrevista feita pelo apresentador Fréderic Mitterrand.
"Catherine Deneuve é uma presença sempre sublime. Eis um rosto que a luz acaricia e a sombra protege", saudou Gilles Jacob, diretor do festival, antes de entregar uma Palma de Ouro especial a ela. A sala Luis Buñuel ficou lotadíssima. Na primeira fila, os diretores Agnès Varda e Benoît Jacquot.
Deneuve estava com um vestido preto, unhas pintadas de vermelho e um grande anel redondo verde-jade, a mesma cor dos brincos. Apesar da idade, sua imagem continua encantadora e intrigante. Ela fascina o observador e, ao mesmo tempo, o distancia com seu olhar aristocrático.
Ao falar ao público, porém, Deneuve o fez com muita espontaneidade, disparando as palavras como uma pequeno-burguesa. "[François] Truffaut dizia que na minha família todos falavam muito rápido porque, como éramos numerosos, todos queriam aproveitar sua vez de falar", ela contou, entre um cigarro e outro.
Entrevistador tímido e rococó, Mitterrand parecia mais disposto a elogiar Deneuve do que a entrevistá-la. Mesmo assim, a atriz contou outras coisas mais: que a mãe dublava Esther Williams, que Marilyn Monroe é o seu único ídolo feminino nas telas, que foi Jacques Demy quem a convenceu a se dedicar ao cinema, que é pudica e não se sentiu muito à vontade filmando com Roger Vadim, seu primeiro marido.
"Não sei se eu teria filmado com Roman Polanski e com Luis Buñuel se tivesse dez ou 15 anos a mais, pois talvez não tivesse a abertura e a disponibilidade de que eles precisavam e que eu tinha quando jovem", disse a atriz, se referindo a "Repulsa ao Sexo" e a "A Bela da Tarde", dois clássicos que fez aos 21 e 22 anos. (ALN)


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