São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2005

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ERIKA PALOMINO

HIP HOP UNE TODAS AS CORES DE SÃO PAULO

Nem tecno nem trance nem house nem drum'n'bass. O ritmo que une São Paulo hoje é o hip hop. As batidas negras do gênero desconhecem classes sociais e bolsos: agradam tanto aos ricos que pagam R$ 150 para ver o Ja Rule, à elite das quartas-feiras sob o ar-condicionado da Lotus, às celebridades de boné que freqüentam a Heaven, quanto ao povão raiz que enche as noites de KL Jay, dos Racionais, na Bela Vista.

Uma das chaves desse sucesso é a sabedoria dos DJs, que sabem dar o que pede cada pista. E, se você entrar na pilha, dá pra dançar hip hop todos os dias da semana. "A principal diferença entre as noites é o público mesmo. No Lov.e e na galeria Ouro Fino (Rose), eu posso ser mais radical, tocar um hip hop mais agressivo, enquanto na Lotus deve ter também músicas mais comerciais, que tocam nas rádios e que o pessoal conhece melhor", diz o DJ Milk, um dos novos tops desse cenário, que toca terças e sábados no Rose, quartas na Lotus e aos domingos na Black Lov.e.
"Hoje, entre aspas, é na moda você dizer que curte hip hop. Quando falam em hip hop, você responde que curte. Ele conseguiu se associar ao fashion", diz o veterano DJ Hum (segundas no Na Mata; domingos no Soul Sister). Verdade: o hip hop é hoje o tipo de música preferido de nove entre dez modelos.
Foi esse povo que fez a fama da Heaven, e onde o DJ Puff vai de Usher ("Ride") e Snoop Doggy Dog com Pharrell ("Drop It Like It's Hot"), abrindo ainda para Mariah Carey e Gwen Stefani. "As celebridades continuam freqüentando", garante o DJ. "Na noite de ontem estavam Alvaro Garnero e Caroline Bittencourt, João Paulo Diniz..." Lá, a maioria é branca, mas o hip hop (ainda bem) não enxerga mesmo diferenças de pele. "Aqui o público é na maioria negro, é mais preto quem vai, mas tem gente de outras classes sociais e de outras cores também. Vai branco também. Tá o maior bom", define KL Jay, sobre o saudável mix das pistas, que é também característico das noites do Rose Bom Bom, pulsante sucesso na cidade.
A chegada na galeria Ouro Fino é um susto, com as luzes frias acesas, sem glamour. Mas lá em cima, o delicioso terraço, a parte hype junto ao bar e, finalmente, a frente da cabine atraem as pessoas mais legais. Lá eu vi Zé Gonzales, indo do estilo roots aos hits de hoje e ontem, onde grifes como Gucci e Rocawear convivem sem dramas e onde Milk reina, estendendo a majestade às tardes de sábado e de domingo no programa "Energia Black", ao meio-dia na Energia 97 (FM 97,7 MHz). "Nos EUA e na Europa, o hip hop já dominou. No Brasil, quem não conhecia esse som está gostando porque é sensual, tem um suingue que a mulherada gosta", arrisca o DJ, apostando em faixas como "Move Ya Body", de Nina Sky, e "All Fall Down", de Kanye West. Confirma. É muito gostoso rebolar ao som de hip hop, levantar os braços e se deixar levar. Experimenta!


Colaborou Sergio Amaral

CONVERSINHA

É o mês do orgulho gay, com a nona edição da Parada do Orgulho GLBT rolando dia 29 e bees de todo o Brasil confluindo para São Paulo. Então trocamos uma idéia com Bruno Gagliasso, um fofo, que está arrasando em "América" no papel de Junior, um menino que começa a descobrir que é gay. Cheio de idealismo romântico, o ator de 23 anos está animado com a possibilidade de "exercer uma participação social" com seu personagem. E garante que está morrendo de vontade de ir à parada. Quem vai sair na frente e convidar?? Arrasa, Bruno!

 Folha - Como você criou o personagem? Fez laboratório, foi a clubes gays...?
Bruno Gagliasso -  Fiz questão de que o Junior não fosse caricato, para isso percorri dois caminhos: uma pesquisa de campo, em vários ambientes gays, e uma mais racional, feita através de livros, como "O Amor Companheiro", de Francisco Daudt, e filmes, como "Morte em Veneza", de Visconti.
 Folha - Você se importaria de beijar um outro homem na novela?
Gagliasso -  Claro que não. Se o beijo acontecer, será bem-vindo. Se não acontecer, não fará diferença. O importante é que Glória [Perez], através do Juninho, consiga conquistar a liberdade para que todo ser humano possa beijar quem quiser, independentemente da identidade sexual. Beijo é ato de amor.
 Folha - As pessoas têm reagido bem ao Junior?
Gagliasso -  Sim. O público está acompanhando o dilema do Junior, não por trejeitos externos, mas por um trabalho de construção interior. Junior é amor e medo. É um artista urbano e do bem, informado, mas só agora começou a encarar sua verdadeira identidade.
 Folha - Você já esteve em alguma Parada Gay?
Gagliasso -  Nunca fui por falta de oportunidade, mas iria com prazer.
 Folha - O que mais você está fazendo?
Gagliasso -  Paralelamente à novela, estou muito animado com o livro "Atitude Amor", que estou terminando de escrever.


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