Toni Collette destaca empatia para explicar sucesso de filme que chega ao DVD

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES

A comédia dramática "Pequena Miss Sunshine", que chega agora em DVD ao Brasil, é o exemplo mais recente de como um bom roteiro pode operar milagres.
A história da disfuncional família Hoover, com roteiro assinado pelo iniciante Michael Arndt, transformou um filme de orçamento e pretensões baixos em uma sensação de crítica e público. Também conquistou uma série de prêmios, entre eles os Oscars de roteiro original (para Arndt) e ator coadjuvante (para Alan Arkin). "[O sucesso do filme] Começa com o roteiro, que é sombrio, emocionante e muito engraçado, as pessoas se identificam", disse a atriz Toni Collette durante entrevista em Londres, da qual a Folha participou.
Collette (de "O Casamento de Muriel" e "O Sexto Sentido") interpreta Sheryl, mãe e ponto de equilíbrio dos Hoovers, que são forçados a embarcar juntos em uma velha Kombi amarela para levar a filha caçula, Olive, a um concurso de beleza infantil.
A família se completa com um pai obcecado por ser um "vencedor", um filho misantropo que fez voto de silêncio, um avô tarado e drogado e um tio gay, suicida e especialista em Marcel Proust. "Acho que as pessoas se vêem nos personagens, é uma captura da realidade. Tendo a trabalhar em filmes profundos e complicados, com personagens complexos, senão fico entediada", afirmou a atriz australiana.

Fragilidade
Curiosamente, como única figura equilibrada na família, a personagem de Collette parece ser a mais fraca do filme.
"Todo mundo achava que o papel da mãe não estava bem desenvolvido", diz Valerie Faris, que dirigiu o filme com seu marido, Jonathan Dayton, nos comentários do DVD.
"Mas Toni trouxe uma força interior que nós queríamos, e também uma fragilidade [ao papel]", completa a diretora.
Os comentários, aliás, são um dos dois únicos componentes dos paupérrimos extras do DVD -há também quatro finais alternativos e desinteressantes.
Nada, no entanto, que diminua a validade de (re)ver essa comédia agridoce, recheada de cenas memoráveis, hilárias e tocantes.