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Cinema/estréia
Crítica/"A Outra"
Longa com Johansson transforma boa história em folhetim sem ritmo
CRÍTICO DA FOLHA
Como pode tamanho
desperdício? "A Outra"
transforma a matéria-prima para um filmaço -a história das irmãs Ana e Maria Bolena e a convulsão de proporções históricas que elas provocaram na corte inglesa de Henrique 8º- em um folhetim.
Nada contra o folhetim, aliás.
O gênero seria mesmo perfeito
para essa representação histórica, que tem como ingredientes ambição, romance, sexo,
traição e conspiração. Mas o roteirista Peter Morgan (do bom
"A Rainha") não teve coragem
de assumir as convenções folhetinescas e trabalhar por
dentro delas, desperdiçando as
reviravoltas que tinha em
mãos. A sensação final é de que
Janete Clair teria feito melhor.
Ana Bolena (Natalie Portman) é a personagem mais célebre de "A Outra", mas o filme
tenta jogar uma luz em sua irmã menos conhecida, Maria
(Scarlett Johansson). Ganha
destaque, também, o papel lamentável que a família teve
nessa história de fim trágico
-principalmente os ambiciosos pai (Mark Rylance) e tio,
duque de Norfolk (David Morrissey).
Ana e Maria começam como
peças em um jogo que tem como objetivo estabelecer a família na corte de Henrique 8º
(Eric Bana), mas terminam como artífices de uma transformação histórica sem par. O momento em que o rei rompe com
a igreja católica para poder se
casar com Ana Bolena, clímax
evidente do filme, vira mero
pano de fundo, uma movimentação histérica sem sentido.
O desenho das personagens
centrais, porém, é o elemento
mais revelador na dificuldade
de "A Outra" em se assumir como folhetim. Morgan tenta
conferir sutileza a Ana e Maria,
mas, no fundo, está trabalhando (mal) os estereótipos de mocinha e vilã.
Portman e Johansson não
ajudam, patinando na indefinição de suas personagens, e a direção do novato Justin Chadwick só agrava o peso e a falta
de ritmo do filme.
(PB)
A OUTRA
Produção: EUA/Inglaterra, 2008
Direção: Justin Chadwick
Com: Natalie Portman, Scarlett Johansson, Eric Bana, Jim Sturgess
Onde: em cartaz no Bristol, HSBC, Espaço Unibanco e circuito; 14 anos
Avaliação: ruim
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