São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2008

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Cinema/estréia

Crítica/"A Outra"

Longa com Johansson transforma boa história em folhetim sem ritmo

CRÍTICO DA FOLHA

Como pode tamanho desperdício? "A Outra" transforma a matéria-prima para um filmaço -a história das irmãs Ana e Maria Bolena e a convulsão de proporções históricas que elas provocaram na corte inglesa de Henrique 8º- em um folhetim. Nada contra o folhetim, aliás.
O gênero seria mesmo perfeito para essa representação histórica, que tem como ingredientes ambição, romance, sexo, traição e conspiração. Mas o roteirista Peter Morgan (do bom "A Rainha") não teve coragem de assumir as convenções folhetinescas e trabalhar por dentro delas, desperdiçando as reviravoltas que tinha em mãos. A sensação final é de que Janete Clair teria feito melhor.
Ana Bolena (Natalie Portman) é a personagem mais célebre de "A Outra", mas o filme tenta jogar uma luz em sua irmã menos conhecida, Maria (Scarlett Johansson). Ganha destaque, também, o papel lamentável que a família teve nessa história de fim trágico -principalmente os ambiciosos pai (Mark Rylance) e tio, duque de Norfolk (David Morrissey).
Ana e Maria começam como peças em um jogo que tem como objetivo estabelecer a família na corte de Henrique 8º (Eric Bana), mas terminam como artífices de uma transformação histórica sem par. O momento em que o rei rompe com a igreja católica para poder se casar com Ana Bolena, clímax evidente do filme, vira mero pano de fundo, uma movimentação histérica sem sentido.
O desenho das personagens centrais, porém, é o elemento mais revelador na dificuldade de "A Outra" em se assumir como folhetim. Morgan tenta conferir sutileza a Ana e Maria, mas, no fundo, está trabalhando (mal) os estereótipos de mocinha e vilã. Portman e Johansson não ajudam, patinando na indefinição de suas personagens, e a direção do novato Justin Chadwick só agrava o peso e a falta de ritmo do filme. (PB)

A OUTRA
Produção:
EUA/Inglaterra, 2008
Direção: Justin Chadwick
Com: Natalie Portman, Scarlett Johansson, Eric Bana, Jim Sturgess
Onde: em cartaz no Bristol, HSBC, Espaço Unibanco e circuito; 14 anos
Avaliação: ruim


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