São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2008

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Última Moda - Alcino Leite Neto

Fashion Rio 2008 flerta com um certo Oriente

China, Japão e até as ilhas do Pacífico inspiram coleções de verão de grifes na semana carioca, que termina hoje

Maria Bonita Extra, Cantão e Apoena são destaques do evento; estilo "perua" de Carlos Tufvesson reuniu mais estrelas na platéia

ALCINO LEITE NETO
VIVIAN WHITEMAN
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

A depender do Fashion Rio, um certo orientalismo vai dominar o verão 2009 no Brasil -ao lado do estilo navy e folk. Motivos e temas ligados a países asiáticos e até as ilhas do Pacífico compareceram com freqüência. O evento termina hoje com a apresentação de seis grifes, inclusive a Espaço Fashion, que estréia nas passarelas.
A Maria Bonita Extra se inspirou no romance "O Amante", da francesa Marguerite Duras, ambientado na antiga Indochina (hoje Vietnã), para criar uma coleção que revê com espírito despojado o traje colonial.
Foi o segundo desfile de Ana Magalhães à frente da grife, bem superior ao primeiro, além de mais coerente. A coleção mesclou vestidos levíssimos (que talvez funcionem melhor com centímetros a menos nas barras) com looks que se apropriaram do guarda-roupa masculino para criar uma imagem feminina muito delicada.
Vale ainda citar a boa estamparia e o conjunto de acessórios, com cintos finos entrelaçados, sapatos masculinos em tons pastel e chapéus panamás cor-de-rosa. Mallu Magalhães, 15, se apresentou ao vivo.
A Cantão buscou seu tema no Havaí e nas distantes ilhas do Pacífico, promovendo uma explosão de cores na passarela.
Os sarongues, quimonos e saruels chegaram em belos degradês de azul e branco e em florais neopsicodélicos, misturados e deliciosamente exagerados, como pede o verão brasileiro. A grife se firma como uma das principais do evento.
O orientalismo também marcou presença nas coleções de Walter Rodrigues (inspirada no Japão e na China), Alessa (no pop japonês) e Coven. O navy compareceu em Juliana Jabour e TNG, principalmente. O folk veio com as grifes Têca, Drosófila e Totem.

Artesanato primoroso
Uma feliz revelação da temporada carioca é a grife Apoena, criada por uma cooperativa de bordadeiras de Brasília.
Sem cair nas armadilhas do regionalismo e do artesanato caricato, apostou numa silhueta limpa, com saias curtas e levemente rodadas, pantalonas e jaquetas com modelagem ajustada. Seu bordado é primoroso.
Luiza Bonadiman deu um novo passo em seu beachwear ousado, feito para o pós-praia e para areias menos convencionais. Brincando de desconstruir maiôs e biquínis, acertou com babados e acessórios removíveis, que tratam com ar de deboche e desbunde a sensualidade da moda praia.
Mas nem tudo foram acertos no Fashion Rio. A estilista Juliana Jabour tropeçou em sua coleção de verão, repetitiva e confusa. A malharia ampla e os vestidos românticos que fizeram sua fama estavam lá. Já a linha sofisticada apareceu com excesso de enfeites e volumes que não funcionam para a maioria das mulheres.
Até a quarta-feira, foi o estilista Carlos Tufvesson que reuniu a platéia mais estrelada e mainstream do evento -com a presença, inclusive, do governador do Rio, Sérgio Cabral.
"Darling" das estrelas de TV, Tufvesson tentou criar um verão menos afetado, mas não conseguiu abandonar de todo a sua tendência ao estilo "perua". Apesar de ter deixado os longos de lado, pesou a mão em aplicações, enfeites e excesso de informação de cada look, projetando uma coleção pesada.


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