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Escolas não formam músicos de nível, diz brasileiro
DE SÃO PAULO
A carreira do oboísta brasileiro Alex Klein, 46, só deslanchou quando ele pegou
um avião rumo ao exterior.
Ganhador de um prêmio
Grammy de música erudita
em 2002 e ex-solista da Sinfônica de Boston, o artista nascido em Porto Alegre saiu do
Brasil aos 19 anos para se
aperfeiçoar na profissão.
"Venho de uma geração
em que nenhum músico erudito conseguia atingir um nível internacional se ficasse
no Brasil", diz ele, que hoje é
diretor artístico da Oficina de
Música de Curitiba.
"Hoje, há não só quem
consiga ficar, como também
um músico como [o trompetista] Flávio Gabriel, que acaba de ganhar um prêmio importantíssimo [no Festival da
Primavera de Praga] sem
nunca ter saído do Brasil."
Klein pondera que, ainda
assim, é fraquíssima a formação musical erudita no Brasil. "Cada vez que uma orquestra tem que contratar
um estrangeiro, nós, que ensinamos música, nos sentimos fracassados."
O oboísta diz que, apesar
da melhora no nível das orquestras brasileiras -Osesp
à frente-, as escolas não formam músicos de alto nível.
"Um aluno que sai das
nossas faculdades pode estar
preparado para teorizar sobre música, mas não para tocar na Osesp", observa.
Klein também chama a
atenção para o fato de, cada
vez mais, a música ser usada
como muleta social.
"Surge um projeto atrás do
outro, mas muitos não têm
continuidade. Não há nada
pior do que dar um violino
para uma criança de uma favela e, após um ano, tirá-lo."
Na contramão dos projetos
que não resultam nem em arte nem em ação social, ele cita a orquestra Neojibá, na Bahia, que trabalha com jovens
carentes sem abrir mão da
excelência. "O trabalho social não pode ser desculpa
para que não se busque uma
música de alto nível." (APS)
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