São Paulo, domingo, 13 de junho de 2010

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Escolas não formam músicos de nível, diz brasileiro

DE SÃO PAULO

A carreira do oboísta brasileiro Alex Klein, 46, só deslanchou quando ele pegou um avião rumo ao exterior.
Ganhador de um prêmio Grammy de música erudita em 2002 e ex-solista da Sinfônica de Boston, o artista nascido em Porto Alegre saiu do Brasil aos 19 anos para se aperfeiçoar na profissão.
"Venho de uma geração em que nenhum músico erudito conseguia atingir um nível internacional se ficasse no Brasil", diz ele, que hoje é diretor artístico da Oficina de Música de Curitiba.
"Hoje, há não só quem consiga ficar, como também um músico como [o trompetista] Flávio Gabriel, que acaba de ganhar um prêmio importantíssimo [no Festival da Primavera de Praga] sem nunca ter saído do Brasil."
Klein pondera que, ainda assim, é fraquíssima a formação musical erudita no Brasil. "Cada vez que uma orquestra tem que contratar um estrangeiro, nós, que ensinamos música, nos sentimos fracassados."
O oboísta diz que, apesar da melhora no nível das orquestras brasileiras -Osesp à frente-, as escolas não formam músicos de alto nível.
"Um aluno que sai das nossas faculdades pode estar preparado para teorizar sobre música, mas não para tocar na Osesp", observa.
Klein também chama a atenção para o fato de, cada vez mais, a música ser usada como muleta social.
"Surge um projeto atrás do outro, mas muitos não têm continuidade. Não há nada pior do que dar um violino para uma criança de uma favela e, após um ano, tirá-lo."
Na contramão dos projetos que não resultam nem em arte nem em ação social, ele cita a orquestra Neojibá, na Bahia, que trabalha com jovens carentes sem abrir mão da excelência. "O trabalho social não pode ser desculpa para que não se busque uma música de alto nível." (APS)


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