São Paulo, domingo, 13 de junho de 2010

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Instrumentistas estrangeiros buscam profissionalização no país

DE SÃO PAULO

No princípio, eram os búlgaros, os russos, os sérvios.
Em 1997, 48 deles desembarcaram no calor úmido de Manaus. Alguns anos antes, outros 12 haviam chegado para integrar a Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, no interior do Estado.
O êxodo dos instrumentistas de cordas -violinistas, violoncelistas e violistas- da Europa Oriental para o Brasil tem marcado, nos anos recentes, todos os grupos sinfônicos nacionais que buscam a profissionalização.
Foi assim quando o maestro Julio Medaglia foi incumbido de montar uma orquestra na capital do Amazonas, em meados dos anos 1990.
Também quando John Neschling assumiu o comando da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), em 1997, e, ainda, quando Fábio Mechetti voltou ao Brasil para dirigir e renovar a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, em 2008.
"O Brasil tem, historicamente, grandes pianistas. Mas quantos violoncelistas nós temos? Temos um grande violoncelista", afirma Henrique Autran Dourado, ex-integrante da Osesp e atual diretor do Conservatório de Tatuí, mantido pelo governo do Estado.
Tampouco é possível imaginar, no Brasil, um menininho voltando-se para os pais e dizendo: "Mamãe, papai, quero tocar oboé".
Pois foi também para preencher os silêncios da cultura brasileira que o haitiano Jean Gerald foi trazido para o interior de São Paulo.
"Ele caiu do céu, não é fácil encontrar estudantes com a qualidade dele", afirma Dourado.
Há, além dele, outros 43 estrangeiros no mesmo conservatório.
Entre eles, um de origem norte-americano, um francês, um japonês, nove paraguaios, dois chilenos, três argentinos e, surpreendentemente, 26 peruanos.
"Um foi contando para o outro, e os peruanos começaram a tentar entrar aqui em peso. Lá, eles têm dificuldades de formação, mas, ao mesmo tempo, o governo quer incentivar a música", diz Dourado. (APS)


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