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Instrumentistas estrangeiros buscam profissionalização no país
DE SÃO PAULO
No princípio, eram os búlgaros, os russos, os sérvios.
Em 1997, 48 deles desembarcaram no calor úmido de
Manaus. Alguns anos antes,
outros 12 haviam chegado
para integrar a Orquestra
Sinfônica de Ribeirão Preto,
no interior do Estado.
O êxodo dos instrumentistas de cordas -violinistas,
violoncelistas e violistas- da
Europa Oriental para o Brasil
tem marcado, nos anos recentes, todos os grupos sinfônicos nacionais que buscam a profissionalização.
Foi assim quando o maestro Julio Medaglia foi incumbido de montar uma orquestra na capital do Amazonas,
em meados dos anos 1990.
Também quando John
Neschling assumiu o comando da Orquestra Sinfônica do
Estado de São Paulo (Osesp),
em 1997, e, ainda, quando
Fábio Mechetti voltou ao Brasil para dirigir e renovar a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, em 2008.
"O Brasil tem, historicamente, grandes pianistas.
Mas quantos violoncelistas
nós temos? Temos um grande violoncelista", afirma
Henrique Autran Dourado,
ex-integrante da Osesp e
atual diretor do Conservatório de Tatuí, mantido pelo governo do Estado.
Tampouco é possível imaginar, no Brasil, um menininho voltando-se para os pais
e dizendo: "Mamãe, papai,
quero tocar oboé".
Pois foi também para
preencher os silêncios da
cultura brasileira que o haitiano Jean Gerald foi trazido
para o interior de São Paulo.
"Ele caiu do céu, não é fácil encontrar estudantes com
a qualidade dele", afirma
Dourado.
Há, além dele, outros 43
estrangeiros no mesmo conservatório.
Entre eles, um de origem
norte-americano, um francês, um japonês, nove paraguaios, dois chilenos, três argentinos e, surpreendentemente, 26 peruanos.
"Um foi contando para o
outro, e os peruanos começaram a tentar entrar aqui em
peso. Lá, eles têm dificuldades de formação, mas, ao
mesmo tempo, o governo
quer incentivar a música",
diz Dourado.
(APS)
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