São Paulo, domingo, 13 de junho de 2010

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"Treinadores" ensinam atores a ser engraçados

Oficinas de improvisação ajudam artistas a preparar espetáculos de teatro, dança e programas de TV

Marco Luque e Rafinha Bastos, do "CQC", são dois dos atores que têm recorrido aos "mestres" para aprender a fazer rir

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os palhaços de São Paulo estão fazendo escola. Literalmente. E o que eles têm passado adiante, em oficinas de especialização para artistas de gêneros vizinhos e para profissionais de TV, não é necessariamente graça.
O improviso é a base do trabalho de qualquer palhaço. É hoje também uma espécie de ferramenta útil a qualquer criação de cena. Não dá base apenas a comédias. Pode calçar uma coreografia sem palavras, um espetáculo de dança ou uma dramaturgia de ponta.
Portanto não é de estranhar que Márcio Ballas, cofundador do espetáculo "Jogando no Quintal" e que hoje comanda o programa "É Tudo Improviso", na Band, tenha sido mestre também de dois repórteres-comediantes, Rafinha Bastos e Marco Luque, do "CQC".
"O curso de clown ajuda a lidar com situações inesperadas, ensina a usar o próprio erro para fazer algo legal", diz Luque. "No "CQC", a técnica do improviso é uma ferramenta muito útil", completa.
Os exercícios que Ballas propõe no "É Tudo Improviso", cenas criadas na hora a partir de elementos sugeridos pela plateia ou pelo apresentador, carregam a bagagem técnica que o artista reuniu em escolas na Europa.
Calcifica também suas experiências no "Jogando" e no Doutores da Alegria. Um de seus mestres é o francês Jacques Lecoq, ícone no aprendizado de palhaços no mundo junto com Philippe Gaulier, que deu aulas para Bete Dorgam (hoje em cartaz na peça "Casting", no Sesc Vila Mariana). Dorgam também se tornou professora de vários comediantes-palhaços da nova geração, como as atrizes do grupo As Olívias.

MADAME QUITÔ
Segundo ela, uma "mãe" do gênero em terras brasileiras é "Madame Quitô"-Cristiane Paoli-Quito, pioneira no treinamento de palhaços em SP, que "importou" técnicas também da França, no início dos anos 1990.
Foi Quito quem aplicou aqui os jogos em que uma banana pode ser usada como revólver, por exemplo, caso o ator tenha o impulso de assim fazê-lo. Esse é um exemplo clássico da metodologia, testada num grupo da Escola de Artes Dramáticas da USP, onde Quito leciona até hoje.
Gero Camilo é um dos que estavam presentes nos improvisos que deram origem a um espetáculo divisor de águas, "Prelúdio para Clowns e Guitarras" (1996).
Em 2004, Quito voltou a dirigir Gero em "Aldeotas", o que lhe rendeu um prêmio Shell. Desde 1998, ela também aplica sua experiência em uma companhia de dança, a Nova Dança 4, fundada em parceria com Tica Lemos.


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