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"Treinadores" ensinam atores
a ser engraçados
Oficinas de improvisação ajudam artistas a preparar espetáculos de teatro, dança e programas de TV
Marco Luque e Rafinha Bastos, do "CQC", são dois dos atores que têm recorrido aos "mestres" para aprender a fazer rir
GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os palhaços de São Paulo
estão fazendo escola. Literalmente. E o que eles têm passado adiante, em oficinas de
especialização para artistas
de gêneros vizinhos e para
profissionais de TV, não é necessariamente graça.
O improviso é a base do
trabalho de qualquer palhaço. É hoje também uma espécie de ferramenta útil a qualquer criação de cena. Não dá
base apenas a comédias. Pode calçar uma coreografia
sem palavras, um espetáculo
de dança ou uma dramaturgia de ponta.
Portanto não é de estranhar que Márcio Ballas, cofundador do espetáculo "Jogando no Quintal" e que hoje
comanda o programa "É Tudo Improviso", na Band, tenha sido mestre também de
dois repórteres-comediantes, Rafinha Bastos e Marco
Luque, do "CQC".
"O curso de clown ajuda a
lidar com situações inesperadas, ensina a usar o próprio
erro para fazer algo legal",
diz Luque. "No "CQC", a técnica do improviso é uma ferramenta muito útil", completa.
Os exercícios que Ballas
propõe no "É Tudo Improviso", cenas criadas na hora a
partir de elementos sugeridos pela plateia ou pelo apresentador, carregam a bagagem técnica que o artista reuniu em escolas na Europa.
Calcifica também suas experiências no "Jogando" e no
Doutores da Alegria. Um de
seus mestres é o francês Jacques Lecoq, ícone no aprendizado de palhaços no mundo junto com Philippe Gaulier, que deu aulas para Bete
Dorgam (hoje em cartaz na
peça "Casting", no Sesc Vila
Mariana). Dorgam também
se tornou professora de vários comediantes-palhaços
da nova geração, como as
atrizes do grupo As Olívias.
MADAME QUITÔ
Segundo ela, uma "mãe"
do gênero em terras brasileiras é "Madame Quitô"-Cristiane Paoli-Quito, pioneira
no treinamento de palhaços
em SP, que "importou" técnicas também da França, no
início dos anos 1990.
Foi Quito quem aplicou
aqui os jogos em que uma banana pode ser usada como
revólver, por exemplo, caso o
ator tenha o impulso de assim fazê-lo. Esse é um exemplo clássico da metodologia,
testada num grupo da Escola
de Artes Dramáticas da USP,
onde Quito leciona até hoje.
Gero Camilo é um dos que
estavam presentes nos improvisos que deram origem a
um espetáculo divisor de
águas, "Prelúdio para
Clowns e Guitarras" (1996).
Em 2004, Quito voltou a
dirigir Gero em "Aldeotas", o
que lhe rendeu um prêmio
Shell. Desde 1998, ela também aplica sua experiência
em uma companhia de dança, a Nova Dança 4, fundada
em parceria com Tica Lemos.
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