São Paulo, sábado, 13 de junho de 1998

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DISCO
Banda lança o segundo trabalho, que traz menos humor e arranjos mais trabalhados
Virgulóides buscam público eclético

BRUNO GARCEZ
da Reportagem Local

Antes do primeiro disco, o grupo Virgulóides tocava em bares da zona sul paulistana e chegou a fazer apresentações até mesmo em um lava-rápido da região.
De lá para cá, muita coisa mudou. O primeiro álbum, "Virgulóides?", lançado no ano passado pelo selo independente Excelente, vendeu 180 mil cópias. O novo disco da banda está saindo por uma grande gravadora, a Polygram.
Enquanto no primeiro álbum, o grupo, na canção "Bagulho no Bumba", contava em tom de piada a história de um delegado que perguntava pelo dono de um "baseado", no novo disco, "Só Pra Quem Tem Dinheiro?", a ação policial surge em um contexto pouco propício ao humor.
"Uma pá de porrada/Muito chute na cara/Quando eu cuspi um dente/Entendi a pergunta do tenente", diz a letra da canção "Cê Tá com Medo", sobre uma violenta batida policial.
"Se tiver de fazer música engraçada todo ano, eu prefiro virar o Bozo", diz Beto Demoreaux, baixista, sobre as cobranças para que a banda fizesse uma nova "Bagulho no Bumba".
O humor ainda se faz presente no novo disco, mas não é a principal tônica do álbum. As letras do novo álbum falam de violência, drogas e desemprego.
Os Virgulóides continuam a praticar o estilo que lançaram no primeiro disco, misturando samba, punk rock e hard core.
"Somos ecléticos, nosso som é influenciado por Bezerra da Silva -que participa de uma das faixas do novo álbum-, Rage Against the Machine e Clash", diz Henrique Lima, vocalista e guitarrista.
Segundo Beto Demoreaux, em "Só Pra Quem Tem Dinheiro?", a banda se mantém fiel ao seu estilo, mas está mais afiada.
"O som ainda soa meio "bagaceiro', mas os arranjos estão mais bem trabalhados", diz o baixista.
Para divulgar o novo trabalho, a banda pretende se exibir para o público roqueiro e subir em palcos, até aqui, restritos a sambistas.
"Em 97, o tocamos em uma apresentação de samba na Ilha do Governador (zona norte do Rio de Janeiro). É um público ainda mais exigente que o de rock, e fomos bem recebidos", conta Beto.
Como que respondendo à pergunta feita no título do álbum, "Só Pra Quem Tem Dinheiro?", Henrique diz querer que o álbum alcance todas as faixas de público. "O disco pode agradar tanto ao "maloqueiro' quanto ao "mauricinho'", afirma.



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