|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FOTOGRAFIA
Retrospectiva com trabalhos de participantes do clube termina hoje em sua sede, na rua Augusta
Bandeirantes planeja restaurar acervo
ANA MARIA GUARIGLIA
free-lance para a Folha
Ao comemorar 59 anos de existência, o Foto Cine Clube Bandeirante, tradicional escola de fotografia de São Paulo, além de realizar uma retrospectiva dos participantes do movimento clubista,
que termina hoje, está anunciando
a restauração e a catalogação de
obras.
No segundo semestre, trabalhos
de artistas como Geraldo de Barros, Marcel Giró, Thomas Farkas,
Madalena Schwartz, German Lorca, Bárbara Mors, José Oiticica e
Chico Albuquerque, que pertencem ao acervo do clube, deverão
deixar suas antigas embalagens de
papelão para serem recuperados.
O projeto visa preservar a história do clube e da fotografia brasileira e será coordenado por José
Luiz Pedro e Henrique Heinisch.
Os fotoclubistas deixaram de lado os arquétipos formais da fotografia, o pictorialismo e o naturalismo e revolucionaram a construção da imagem, mudando a estrutura das composições.
Leia a seguir a entrevista da Folha com Eduardo Salvatore, um
dos fundadores do clube.
Folha - Como nasceu a idéia de
fundar o Clube Bandeirante?
Eduardo Salvatore - Foi fruto
das reuniões que fazíamos na rua
São Bento, na Foto Dominadora.
A gota d'água para a fundação foi a
criação do Foto Clube do Paraná.
Tivemos dezenas de adesões e
alugamos duas salas no edifício
Martinelli (centro da cidade), onde passamos a fazer as reuniões.
Folha - O 1º Salão Paulista de Arte Fotográfica foi um dos eventos
mais importantes para iniciar o
movimento modernista fotográfico. Como foi o acontecimento?
Salvatore - As mensalidades do
clube eram baratas e tínhamos dificuldades para mantê-lo. Resolvemos atrair a atenção do público e
da imprensa, realizando uma exposição. Pela primeira vez no país,
exibimos trabalhos de autores estrangeiros. A repercussão fez crescer o interesse pela fotografia.
Muitas pessoas queriam conhecer técnicas e mostrar seus trabalhos. Iniciamos os cursos, criamos
os boletins informativos e começamos o intercâmbio com clubes
da Europa e da América Latina.
Folha - Várias vezes, o clube foi
acusado de ser preconceituoso.
Até que ponto isso é verdade?
Salvatore - O Bandeirante sempre foi um espaço aberto, disposto
a receber a criação dos fotógrafos
amadores e profissionais.
Uma das coisas que o destacou
foi a libertação da arte clássica,
formada por aquelas paisagens paradas e os retratos posados. Resolvemos quebrar esse esquema e investir em novas linguagens.
Folha - Quais são as perspectivas
do clube futuro?
Salvatore - A fotografia não é
hobby de gente rica, mas da classe
média, e nosso objetivo principal o
incentivá-la, abrindo espaço para
hobistas e profissionais. Por isso,
criamos uma galeria e cursos especializados. Vamos restaurar o
acervo para nossa biblioteca e continuar em busca de novos caminhos fotográficos.
Exposição: Retrospectiva Comemorativa
Quando: termina hoje, das 13h às 20h
Onde: Foto Cine Clube Bandeirante (r.
Augusta, 1.108, tel. 011/214-4234)
Quanto: entrada franca
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|