São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 2000


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POLÊMICA
Audiência na última terça reuniu, em Washington, artistas e executivos de grandes empresas; Napster saiu favorecido
Revolução MP3 chega ao Senado norte-americano

Reuters
Da esq. para a dir., Roger McGuinn, ex-Byrds, Hank Barry, do Napster, e Michael Robertson, do site MP3.com, durante a audiência


MARCELO VALLETTA
DA REDAÇÃO

A controvérsia em torno da distribuição digital de música pela Internet atingiu um de seus pontos altos na última terça, quando artistas e executivos de grandes empresas se reuniram em Washington para uma audiência no Senado americano.
Estiveram presentes, e se pronunciaram a respeito, artistas como Lars Ulrich, baterista e líder do grupo de hard rock Metallica, e Roger McGuinn, que liderou o conjunto de folk-rock The Byrds nos anos 60.
Hank Barry, do Napster, e Michael Robertson, do MP3.com -os presidentes das mais polêmicas empresas "pontocom" que estão enfrentando processos por quebra de direitos autorais movidos pela indústria fonográfica-, também falaram aos senadores, assim como representantes de grandes gravadoras.
A audiência, batizada de "O Futuro da Música Digital", começou com a demonstração do funcionamento do programa Gnutella, que, de maneira semelhante ao Napster, permite que arquivos MP3 sejam baixados de um computador para outro.
Um download, de uma canção do grupo norte-americano Creed, levou vários minutos para ser feito, o que provocou gracejo por parte de um dos senadores. "Parece que ainda estamos na era da caneta-tinteiro", disse Patrick Leahy, do Partido Democrata.
A maioria dos senadores e dos executivos disse que não há necessidade de revisão da legislação norte-americana sobre a propriedade intelectual e que o mercado e os tribunais devem decidir o rumo que a distribuição digital de música -e, consequentemente, dos outros produtos da área de entretenimento- tem que seguir.
A voz dissonante foi a de Ulrich, o primeiro artista a processar o Napster, em abril passado. "Devemos estar sonhando se achamos que podemos resolver esse assunto entre nós", disse o músico, que distribuiu autógrafos para estagiários do Senado.
No mesmo dia, começou nos EUA uma grande campanha contra a pirataria na música, com a publicação de um anúncio de página inteira no jornal "The New York Times".
A campanha "Artistas contra a Pirataria", financiada por associações da indústria fonográfica e por companhias de tecnologia e que tem como lema a frase "se uma canção significa tanto para você, imagine o quanto ela significa para nós", tem o apoio de artistas como Garth Brooks, Herbie Hancock e até mesmo Alanis Morissette -a cantora canadense é acionista do MP3.com. O site da campanha fica em www.artistsagainstpiracy.com.

Mercado milionário
Barry, do Napster, declarou que o programa que deu nome à empresa estimula seus usuários a comprar mais CDs, não causando, portanto, prejuízo a artistas ou a gravadoras. "Napster simplesmente facilita a comunicação entre fãs de música. Ele não fabrica nem copia MP3", disse.
O programa, fundado no ano passado por Shawn Fanning, 19, enfrenta processos movidos pelo Metallica, pelo rapper Dr. Dre e pela Riaa, associação que representa 18 gravadoras nos EUA. Com mais de 20 milhões de usuários só nos Estados Unidos, seu valor de mercado pode chegar a quase US$ 2 bilhões, segundo advogados da empresa.
Durante a audiência, Barry citou números da indústria fonográfica que mostram o aumento de 8% nas vendas de CDs nos EUA durante o primeiro trimestre deste ano.
Robertson, do MP3.com, limitou-se a demonstrar como funciona o seu site, que permite a criação de um banco de dados musical para cada usuário. Processado pelas grandes gravadoras, o MP3.com chegou a um acordo com algumas delas, comprometendo-se a pagar cerca de US$ 20 milhões para cada uma.
Roger McGuinn, ex-Byrds, tornou disponível para download as músicas de sua antiga banda no MP3.com. Ele declarou que o sistema atual não paga os artistas de maneira justa e afirmou que, apesar do grande sucesso nos anos 60, só começou a receber direitos autorais recentemente.
A presidente da Riaa, Hilary Rosen, recusou-se a responder às perguntas feitas por um senador que questionava se gravar música em um cassete seria tão grave quanto baixar um MP3 ilegal.


Com agências internacionais


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