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ARTIGO
O fenômeno das boys bands está em crise
ERIC BOEHLERT
DA "SALON"
Os Backstreet Boys já
eram. Depois de um inverno
em que as vendas de seu álbum
decepcionaram, uma primavera
em que andaram longe das rádios
pop e um especial de TV aberta
que teve audiência fraca, chega a
notícia de que a turnê de verão
dos garotos, que já tinha sofrido
cortes, está mal das pernas.
Concebida no final do ano passado -quando a banda ainda
ocupava a esfera das megaestrelas- para acontecer em estádios,
a turnê de verão (agora) dos rapazes vai levar os Backstreet Boys
para arenas e anfiteatros menores. As vendas de ingressos andam fracas, porém, mesmo nesses locais menores.
Nas 45 cidades que a turnê vai
incluir, ainda sobram ingressos
para as apresentações. Na verdade, ainda podem ser encontrados
bons lugares para assistir à maioria dos shows. Para piorar, A.J.
McLean, integrante dos Boys, faz
tratamento para combater depressão e alcoolismo, o que obrigou a banda a adiar uma série de
shows já marcados.
Os problemas dos Backstreet
Boys são basicamente dois e muito simples: a ausência de singles
de grande sucesso e a confusão
criada em torno de sua imagem.
Mas o desabamento da banda
também levanta algumas questões mais amplas. Será que a queda em suas vendas constitui o primeiro indício de um crash do pop
teen no futuro próximo? Até onde
vai a fidelidade dos teens para
com seus ícones prediletos?
Os problemas na terra dos Boys
começaram no final do ano passado, com o lançamento de seu
muito aguardado álbum "Black
& Blue". Como o álbum anterior
da banda, "Millennium", tinha
vendido mais de 1 milhão de cópias nas primeiras semanas depois de chegar às lojas, ajudando a
definir o crescente gênero do pop
teen, a expectativa em relação ao
novo álbum era grande.
Mas aconteceu muito pouco.
Acostumados a passar meses na
lista dos dez maiores sucessos da
parada da "Billboard", os rapazes
devem ter ficado horrorizados
quando seu último trabalho saiu
da zona estratosférica depois de
apenas três semanas.
Será que isso significa que a gigante do pop teen está perdendo
força? Ainda é cedo para saber.
Mas a verdadeira lição a ser tirada
da história dos Backstreet Boys
mostra o quanto é tênue o vínculo
que une os fãs do pop adolescente
a seus artistas favoritos.
O primeiro single de "Black &
Blue", "The Shape of My Heart",
mal conseguiu ficar entre os 20
maiores sucessos da parada Hot
Cem da "Billboard". Para um grupo pop de presença firmada nas
rádios, um relativo fracasso como
esse é território tabu, porque a indústria musical opera com base
na teoria de que percepção é realidade. "Isso provou que eles são
vulneráveis", diz uma fonte da rádio pop, observando que os programadores, muitas vezes sobrecarregados com canções demais e
tempo insuficiente para colocar
todas no ar, anseiam por razões
para rejeitar músicas.
As dificuldades com as rádios tiveram um efeito deletério sobre
os shows da banda. Os promotores de concertos enfatizam a importância da correlação entre ter
singles de sucesso passando nas
rádios no exato momento em que
vão à venda os ingressos para os
shows de verão. Os artistas cujos
singles vendem bem vendem
mais ingressos para shows, e o inverso também é verdade.
Resta o problema da imagem
dos Boys. Insatisfeitos com a coroa do pop teen e ansiosos por
ampliar seu público, no momento
do lançamento de "Black & Blue"
os rapazes falaram sem parar que
o novo álbum marcava o amadurecimento do grupo. Com um
guarda-roupa novo e audacioso e
cortes de cabelo ousados, os Boys
se posicionaram para atrair um
público mais velho. Mas tudo o
que conseguiram foi provocar o
repúdio de sua base de fãs jovens.
O fato é que sua música não se
distingue de todas as outras bandas pop que seguem a mesma fórmula, e isso significa que o público mais velho que os Boys queriam atingir dava de ombros para
eles, enquanto seu público adolescente fiel interpretou a nova imagem adulta da banda como um tapa na cara. Basicamente, os Boys
misturaram os sinais. Em termos
comerciais, a pergunta que resta a
fazer aos Backstreet Boys é: quando sai o primeiro álbum solo?
Tradução Clara Allain
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