|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
Maior festival alternativo do país, evento levou mais de 100 mil pessoas a Brasília, no último fim de semana
Porão do Rock reúne shows históricos
JEAN CANUTO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O rock lavou a alma nos dias 7 e
8 passados, na quarta edição consecutiva do festival Porão do
Rock, realizado em Brasília. O Porão implodiu nos últimos dois
anos recebendo um público superior a 100 mil pessoas e passou a
ser realizado em arena montada
no estacionamento do estádio
Mané Garrincha.
Com novo recorde de público
cravado em dois dias de maratona
roqueira, o evento atraiu cerca de
140 mil pessoas para acompanhar
os shows de 42 bandas -30 do
próprio Distrito Federal e outras
12 de outros Estados brasileiros-
em sua edição mais pesada.
Na abertura do evento, um concerto sincronizado e apoteótico
de bateria, reunindo nomes como
Dino Verdade, Alf e Bacalhau, da
banda Rumbora, Guto Goffi, do
Barão Vermelho, Boka, do Ratos
de Porão, entre outros.
As atrações foram divididas em
dois palcos: o principal, com 30
minutos de show por banda (exceto Rumbora, Maskavo e Ratos
de Porão, que tocaram por 45 minutos, e o Mundo Livre S/A e Pavilhão 9, por uma hora), e o demo,
com 15 minutos por grupo.
O evento, apesar de eclético, teve predominantemente bandas
que mesclam rap, hardcore e rock
pesado, o que se convencionou
denominar "new metal".
O festival tentou incorporar à
programação um show de porte
internacional para encerrar o
evento. O alvo era o grupo de
punk rock inglês Buzzcocks, que
esteve em turnê no país, mas um
problema com as datas impossibilitou a investida. Foram convocados então dois grupos paulistanos, o Ratos de Porão, que teve no
festival o maior público de sua
história (cerca de 70 mil pessoas),
e o Pavilhão 9, que já provou o seu
fogo em arena no Rock in Rio.
Os destaques da primeira noite
ficaram por conta do rapcore nervoso e equilibrado do Artigo 5 e
do hardcore com pitadas demoníacas do Satan's Pray, ambos de
Brasília. O último é um divertido
projeto com membros de bandas
hardcore da cidade que lembram
o grupo mexicano Brujeria.
Grupos distintos como o alagoano Mopho, que pratica um
som calcado nos anos 70, com toques de psicodelia a la Mutantes,
o Prot(o) (DF), rock garageiro de
primeira, e Amanita Muscária
(DF), um dos mais originais,
apresentando uma mistura de
funk, ska, reggae e rock com suaves toques de flauta e ritmos regionais, também brilharam.
O show mais redondo de sábado ficou a cargo dos cariocas do
Squaws, com seu rock explosivo e
engajado, na mesma linha do Rage against the Machine. Já o brasiliense Rumbora fez um show previsível e trouxe ao palco o ex-guitarrista do Raimundos, Digão, para um cover de "Eu Quero Ver o
Oco", da extinta maior banda da
cidade. O badalado Mundo Livre
S/A subiu ao palco durante a madrugada, e parte considerável da
platéia achou melhor se retirar do
que acompanhar a apresentação
dos recifenses até o final.
O domingo foi mais pesado,
mas com bandas repetitivas. Destaque para o power trio "Grrl" feminino RTL e o grupo carioca
Matanza, com sua mescla de
country e hardcore, no palco demo. No principal, sobressaíram as
demais três bandas locais: o new
metal do Mata Leão, o hardcore
agressivo do Macakongs 2099 e o
heavy metal do Slug, cujo vocalista tem o mesmo timbre de voz de
James Hetfield, do Metallica. O indie rock dos gaúchos do Bidê ou
Balde também empolgou.
Mesmo com João Gordo nitidamente afetado por problemas de
saúde, o Ratos de Porão realizou o
seu tradicional massacre punk
hardcore, que há tempos ganhou
o mundo. Pulverizando qualquer
esperança das bandas presentes
de fazer um show tão agressivo,
preciso e coeso, fez apresentação
impecável e histórica.
Para finalizar, a mistura de rap e
rock do Pavilhão 9 contagiou o
público com sua presença de palco marcante e encerrando com
chave de ouro o festival.
Com enorme estrutura e gratuito, o Porão do Rock pode ser considerado o maior festival de rock
alternativo do país e exemplo aos
demais Estados brasileiros.
Texto Anterior: Outros lançamentos: De Crécy deixa pop a house Próximo Texto: Panorâmica - Tom e Vinicius: Famílias processam Helô Pinheiro Índice
|