São Paulo, sexta-feira, 13 de julho de 2007

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Crítica/"Tentações..."

Digressão sobre sincretismo peca por incoerência

PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA

Premiado em Sundance em 1997 com "O Sertão das Memórias", José Araújo volta com um filme que aprofunda as ambições alegóricas de sua estréia, mas perde sua dimensão mais poética.
"As Tentações do Irmão Sebastião" é uma longa digressão em torno do sincretismo religioso brasileiro que, não raro, se assemelha a uma espécie de instalação visual. Mas o esforço de elaboração da imagem, ainda que apoiado no belo trabalho de fotografia de Antonio Luis Mendes, não chega a formar um conjunto coerente.
Na base de tudo está a trajetória de Sebastião, noviço de uma congregação que mistura o cristianismo a movimentos messiânicos nordestinos.
Ali, nada é exposto de forma propriamente linear. Boa parte da trama se passa em 2030, num Brasil caótico. Sebastião se lembra de sua infância, assombrada pela figura de Exu Morcego, e prossegue atormentado pela repressão sexual e pela intensa sensualidade que emana dos símbolos religiosos.
A alegoria, aqui, se resume à vontade de transcender a imagem em sua literalidade, sem propor uma reflexão. A vontade de criar uma linguagem própria não sai do plano da vontade e fica no plano de um Carnaval pouco contagiante.

AS TENTAÇÕES DO IRMÃO SEBASTIÃO


Direção: José Araújo
Produção: Brasil, 2006
Com: Rodolfo Vaz, Marcus Miranda
Quando: em cartaz no Frei Caneca Unibanco Arteplex
Avaliação: ruim



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