São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 2011

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música

Fiel à "música revolucionária", Public Enemy retorna ao Brasil

Um dos maiores nomes do rap mundial revisita 20 anos de carreira no festival Black na Cena

Líder do grupo, Chuck D critica Obama, alfineta o hip-hop dos EUA e elogia os brasileiros MV Bill e Eli Efi

MAYRA MALDJIAN
DE SÃO PAULO

Chuck D é um artista inquieto. Do outro lado da linha, o líder do Public Enemy revira um chiclete na boca. O motivo da conversa é nobre: o grupo de hip-hop americano, um dos mais importantes de todos os tempos, volta ao Brasil depois de oito anos para o festival Black na Cena, entre 22 e 24 de julho, em São Paulo -eles se apresentam no segundo dia.
Sucinto e marrento, Chuck D parece estar sempre planejando uma revolução. E é assim desde o início dos anos 80, quando se juntou ao endiabrado Flavor Flav e a outros nomes do hip-hop para falar aos EUA e ao mundo.
"Naquela época, Ronald Reagan era o presidente, e o povo negro enfrentava muitos problemas para tentar viver no país", lembra Chuck. Ele cravou a alcunha política e social do grupo em 1987, com o lançamento do primeiro single, "Public Enemy #1", do álbum de estreia dos reis da discórdia, "Yo! Bum Rush the Show".
Mais de dez discos e alguns presidentes depois, os inimigos públicos ainda são fonte inesgotável de tapas na cara. Para o ano que vem, por exemplo, eles preparam mais uma bomba verbal.
"Vai se chamar "Most of Our Heroes Don't Appear on a Stamp" (a maioria dos nossos heróis não aparece num selo)", afirma Chuck D.
Quem é fã de "Fight the Power" deve ter notado alguma "coincidência": o nome do novo disco aparece em forma de verso nessa música, uma da mais famosas do grupo, faixa do essencial "Fear of the Black Planet" (1990).
"Há muitos assuntos a serem discutidos, mas o modo como o governo trata os seres humanos é um bom começo", alfineta. Seria uma crítica a Obama? Bingo. "Obama é um bom homem no comando de um veículo que precisa de vistoria. Mas ele está ocupado com a guerra, em vez de trabalhar para ajudar americanos pobres."

CARTA ABERTA
No início deste ano, Chuck D escreveu uma carta descendo a lenha no hip-hop (em publicenemy.com). "Eu estava em contato com o entusiasmo da nação hip-hop da África do Sul. Foi muito inspirador ir até lá, fez o rap americano parecer atrasado", diz. "Os artistas daqui estão mais preocupados com as corporações. Para mim, o rap é para as pessoas."
Como exemplo a ser seguido, ele cita "seus amigos brasileiros" Eli Efi e MV Bill. "Somos muito fiéis à música revolucionária."

BLACK NA CENA

QUANDO 22 a 24/7; mais em blacknacena.com.br
ONDE Arena Anhembi (av. Olavo Fontoura, 1.209, São Paulo) QUANTO R$ 140 (inteira) e R$ 300 (passaporte para os três dias)
CLASSIFICAÇÃO 18 anos


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