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TEATRO
Lançamento é hoje e tem Pia Fraus, Tapa e outros
Livro narra história dos dez anos de palhaçadas dos Parlapatões
MARCELO RUBENS PAIVA
ARTICULISTA DA FOLHA
Palhaçada é coisa séria. Está enganado quem pensa que o grupo
Parlapatões, Patifes & Paspalhões, mais conhecido como PPP,
sobe ao palco para alardear graça
improvisada e jogos malabares.
Há uma extensa pesquisa, ética,
dramaturgia calculadamente
construída e deferência ao passado, de Piolin a O Gordo e O Magro. Talvez esta seja a explicação
para a sobrevida do grupo cujos
fundadores, Hugo Possolo e Alexandre Roit -que incorporaram
Jairo Mattos e Raul Barretto-,
compartilharam a praça da República, em SP, com músicos bolivianos, onde passavam o chapéu.
Hoje, o PPP estrela festivais de
teatro no Brasil e no exterior e lota
salas de grandes produções. É o
que conta o livro "Riso em Cena
-°Dez Anos de Estrada dos Parlapatões", de Valmir Santos, 35, repórter da Folha, que, em parceria
com o Sesc, é lançado hoje com
apresentações do grupo e de convidados, como Tapa e Pia Fraus.
Possolo e Roit eram palhaços no
Circo Escola Picadeiro e ministraram oficinas na Escola Livre de
Teatro de Santo André antes de
formarem o grupo, lembra Santos, que colheu 40 depoimentos
para o livro em formato de narrativa e com mais de 260 fotos.
"Quando o grupo me chamou, a
idéia era fazer uma longa reportagem. O livro não dissimula certo
tom institucional. Tentei contextualizá-lo dentro da história do
teatro nacional contemporâneo,
sobretudo o teatro dos anos 90,
quando o trabalho de grupo retoma fôlego", diz Santos.
O trabalho foi atribulado, já que
Roit desligou-se do grupo em janeiro de 2002, durante a temporada de "Pantagruel". "Sua saída, é
claro, mobilizou a todos. Foi como o fim de um casamento. Contudo, o projeto não chegou a ser
interrompido", afirma.
"Quando comecei, fiquei pasmo com a informalidade até nas
horas de ensaio. A palhaçada deixa pouco espaço para a austeridade do fazer teatral. Mas esse ambiente só foi conquistado com a
maturidade dos anos", diz Santos.
Os Parlapatões pegaram carona
no vagão do novo fazer teatral:
Ornitorrinco, Adrúbal Trouxe o
Trombone e Manhas e Manias.
"Eles encontraram uma identidade que equilibra a tradição do picadeiro, um certo lirismo da lona,
com a transgressão das ruas e a
corrosão dos bobos da corte."
A partir de 1999, o grupo deixa a
rua e o circo e absorve as quatro
paredes de um palco tradicional
no TBC -cinco textos em 14 meses. Elimina, quase sempre, a
quarta delas para interagir com a
platéia. "Curioso é que os Parlapatões não conseguem se desvencilhar da relação com o público. É
a marca do grupo", afirma.
O teatro brasileiro anda fértil, e
o mercado literário corre atrás.
Santos lembra que o Teatro da
Vertigem acaba de publicar sua
história. Grupos como Cia. do Latão, Folias d'Arte e Cemitério de
Automóveis já sistematizam, em
publicações, o registro de sua arte.
"A visibilidade editorial, amarrada à temporada em SP, mais a explosão de dramaturgos com qualidade, a abertura de teatros, a
criação de uma lei municipal de
fomento ao setor, conspiram para
um momento de efervescência."
RISO EM CENA - DEZ ANOS DE
ESTRADA DOS PARLAPATÕES. Autor:
Valmir Santos. Editora: Estampa. Quanto:
R$ 35 (112 págs.). Lançamento: hoje, às
20h30. Onde: teatro Sesc Anchieta (rua
Dr. Vila Nova, 245, São Paulo, tel. 0/xx/
11/3256-2281).
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