São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 2002

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MÚSICA

Fim de festa

Flávio Florido/Folha Imagem
Público em show da banda Sonic Youth no Free Jazz de 2000



Alta do dólar causa o cancelamento do Free Jazz; Rock in Rio deve ter apenas atrações nacionais


CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL

Péssima notícia para quem gosta de uma boa balada regada a música ao vivo: o Free Jazz, que teria a última edição realizada este ano sob patrocínio da indústria de cigarros Souza Cruz, foi oficialmente cancelado.
Segundo o gerente de comunicação da empresa, Mair Pena Neto, a oscilação do dólar tornou a 17ª edição do Free Jazz inviável. "Seria impossível manter o alto nível do festival com o dólar do jeito que está", disse à Folha.
A produtora carioca Monique Gardenberg, 40, da Dueto Produções, uma das principais idealizadoras do festival, lamenta o fim da parceria com a Souza Cruz, mas diz que pretende tocar o festival, ainda sem data certa, com outro patrocinador.

Lei antitabagista
A parceria entre a Dueto Produções e a Souza Cruz termina, então, com esse não-Free Jazz, uma vez que a partir de janeiro de 2003 fica proibido por lei o patrocínio de indústrias de tabaco a eventos culturais. "Não posso dizer que o festival continuará a acontecer em outubro porque isso vai depender de uma decisão do nosso futuro patrocinador", disse. Agora, a Dueto começa a busca pelo novo parceiro para o evento.
Sobre o festival que acaba de ser cancelado, Gardenberg diz que "tinha tudo para ser o mais bombástico de todos os tempos". "Desde o Free Jazz do ano passado, começamos a planejar o que seria o evento de despedida, que para nós tinha de ser o melhor de todos. Só que, por causa do dólar, a cada dia minha verba para contratação de bandas ia diminuindo", conta.
A Folha apurou que entre os nomes programados estavam a banda inglesa Radiohead, o cantor irlandês Van Morrison e uma reunião estelar da família Marsalis. "Começamos a trabalhar com nomes fortes desde o ano passado", afirma Paulo Albuquerque, curador da área de jazz do evento. "Mas fomos avisados há algum tempo que o festival corria risco."
Com o dólar nas nuvens, por que não fazer então um evento de despedida apenas com artistas brasileiros? Quem responde é Fernando Pinheiro, gerente de marca da Souza Cruz. "Não faria sentido mudar a maior característica do festival, que sempre foi um evento cheio de novidades e grandes nomes internacionais."
Como plano B, pensou-se em mexer no formato do evento. "Consideramos a hipótese de ter menos palcos e até trazer menos artistas internacionais", diz, ainda, Pinheiro. "Mas, quando o dólar bateu na casa dos R$ 3,47, vimos que a coisa estava realmente fora de controle."
Monique Gardenberg, porém, diz que sua meta ainda é fazer o tal festival "bombástico". "Por isso é que não quero contar nomes do elenco, que estava sensacional. Fica a vontade de fazer a coisa no futuro tal qual ela foi planejada." Que o futuro venha logo, então.



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