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Classe musical reage timidamente
DA REDAÇÃO
A julgar pela reação do povo argentino nas ruas de Buenos Aires
quando o então presidente Fernando de la Rúa renunciou e o
alardeado engajamento platino já
de tempos, esperava-se mais da
classe musical em relação aos recentes acontecimentos.
Medalhões como Fito Paez ou o
polêmico Charly Garcia, que lançou um disco de canções inéditas
no mês passado, ainda não trataram de "la crisis" por meio de
seus trabalhos. "Há uma grande
paralisia. Talvez seja necessário
um tempo para que apareça algo
sobre o que ocorre agora", diz o
crítico Esteban Pintos, do jornal
"Página 12".
Uma das poucas exceções é o
grupo Bersuit Vergarabat, que
disparou em 1998 o petardo "Sr.
Cobranza", retrato pouco elogioso da era Carlos Menem ("Que
cozinhem a mãe de Cavallo ou a
seu pai/ Ou seus filhos, se é que
tem algum/ Ou a seu amigo, o
presidente,/ Que não lhe deixe
nem os dentes). Eles acabam de
lançar o ao vivo "De la Cabeza con
Bersuit", que já vendeu 20 mil cópias e é disco de ouro por lá.
Não esqueceram de mencionar
a atual situação. Curiosamente, a
"música da crise" escolhida pela
banda é uma composição brasileira. "O Tempo Não Pára", de
Cazuza e Arnaldo Brandão, abre o
novo disco com os adaptados versos "Nos chamam de bicha, ladrão, maconheiro/ E eles submergiram um país inteiro/ Porque assim se rouba mais dinheiro".
Para o tecladista Juan Subirá,
em entrevista à Folha, por e-mail,
não há obrigação para que os artistas argentinos se manifestem.
"Não é estritamente necessário
porque é como se aproveitassem
da situação. Mas nós falamos sobre a queda do sistema argentino
há mais de dez anos, porque achávamos que os sucessivos governos estavam fazem negócios muito obscuros."
Mas o Bersuit tem sofrido com a
crise? "Por sorte o efeito está sendo inversamente proporcional",
diz Subirá. "Mas estamos rodeados por amigos e familiares que
estão com problemas muito sérios. Ou seja, de qualquer forma a
crise sempre te afeta, e posso te assegurar que é muito dura."
(SOS)
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