São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 2002

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Classe musical reage timidamente

DA REDAÇÃO

A julgar pela reação do povo argentino nas ruas de Buenos Aires quando o então presidente Fernando de la Rúa renunciou e o alardeado engajamento platino já de tempos, esperava-se mais da classe musical em relação aos recentes acontecimentos.
Medalhões como Fito Paez ou o polêmico Charly Garcia, que lançou um disco de canções inéditas no mês passado, ainda não trataram de "la crisis" por meio de seus trabalhos. "Há uma grande paralisia. Talvez seja necessário um tempo para que apareça algo sobre o que ocorre agora", diz o crítico Esteban Pintos, do jornal "Página 12".
Uma das poucas exceções é o grupo Bersuit Vergarabat, que disparou em 1998 o petardo "Sr. Cobranza", retrato pouco elogioso da era Carlos Menem ("Que cozinhem a mãe de Cavallo ou a seu pai/ Ou seus filhos, se é que tem algum/ Ou a seu amigo, o presidente,/ Que não lhe deixe nem os dentes). Eles acabam de lançar o ao vivo "De la Cabeza con Bersuit", que já vendeu 20 mil cópias e é disco de ouro por lá.
Não esqueceram de mencionar a atual situação. Curiosamente, a "música da crise" escolhida pela banda é uma composição brasileira. "O Tempo Não Pára", de Cazuza e Arnaldo Brandão, abre o novo disco com os adaptados versos "Nos chamam de bicha, ladrão, maconheiro/ E eles submergiram um país inteiro/ Porque assim se rouba mais dinheiro".
Para o tecladista Juan Subirá, em entrevista à Folha, por e-mail, não há obrigação para que os artistas argentinos se manifestem. "Não é estritamente necessário porque é como se aproveitassem da situação. Mas nós falamos sobre a queda do sistema argentino há mais de dez anos, porque achávamos que os sucessivos governos estavam fazem negócios muito obscuros."
Mas o Bersuit tem sofrido com a crise? "Por sorte o efeito está sendo inversamente proporcional", diz Subirá. "Mas estamos rodeados por amigos e familiares que estão com problemas muito sérios. Ou seja, de qualquer forma a crise sempre te afeta, e posso te assegurar que é muito dura." (SOS)



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