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Crise econômica leva Argentina
ao seu pior cenário fonográfico
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
Não chega a ser surpresa dizer
que a indústria musical da Argentina não ficou incólume aos atuais
problemas econômicos. Mas o
quadro é pior: seu mercado fonográfico passa pela fase mais difícil,
com vendas irrisórias e minguados investimentos.
Mesmo antes dos incidentes das
duas últimas (e turbulentas) semanas de 2001 e da posterior desvalorização do peso, o cenário já
era desalentador. No ano passado, foram vendidos 10.534.861
discos, uma queda de 30% em relação a 2000 e de 55% comparado
a 1998, de acordo com números
da Capif, entidade que reúne as
gravadoras residentes no país.
Com as reviravoltas política e
econômica, o primeiro semestre
de 2002 foi de mal a pior e registrou ínfimas 1.273.520 unidades
comercializadas. "O mercado
praticamente inexiste. Não há
muitos discos sendo lançados e os
poucos que saem custam quase a
mesma coisa de quando se supunha que tudo estava normal",
afirma o crítico Esteban Pintos,
do jornal "Página 12".
Com preços para os últimos
lançamentos por volta de 22 pesos
(cerca de R$ 18,50) e a pirataria
disponível, o argentino parece
não ter dúvidas sobre qual opção
recorrer. Os chamados discos
"truchos" já superam a produção
legal em mais de 50%. Os piratas
são encontrados não só em camelôs ou feiras, mas também em
bancas e pequenos supermercados, além de serem comprados
através de um serviço de entrega.
O único fenômeno positivo parece ser o bom público dos shows
que ocorrem em Buenos Aires.
Um exemplo é a banda Los Piojos, que tocou por quatro noites
seguidas no estádio Luna Park e
levou um total de 24 mil pessoas.
Para o editor da versão argentina da revista "Rolling Stone", Fernando Sanchez, as apresentações
ao vivo estão servindo como um
antidepressivo. "Os shows funcionam como uma catarse para as
pessoas nesta crise. Elas não querem parar e ouvir discos. Querem
ir ao estádio e se exaltar", afirma.
Turnês estão sendo a tábua de
salvação para as bandas, principalmente as feitas fora do país. O
objetivo é consolidar o público
existente no restante da América
Latina e, o mais difícil, conquistar
os hispânicos dos EUA. Grupos
como Los Fabulosos Cadillacs e
Bersuit Vergarabat estão conseguindo agendar shows em lugares
pequenos de Nova York em busca
do cachê em dólares.
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