São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 2002

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Crise econômica leva Argentina ao seu pior cenário fonográfico

SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO

Não chega a ser surpresa dizer que a indústria musical da Argentina não ficou incólume aos atuais problemas econômicos. Mas o quadro é pior: seu mercado fonográfico passa pela fase mais difícil, com vendas irrisórias e minguados investimentos.
Mesmo antes dos incidentes das duas últimas (e turbulentas) semanas de 2001 e da posterior desvalorização do peso, o cenário já era desalentador. No ano passado, foram vendidos 10.534.861 discos, uma queda de 30% em relação a 2000 e de 55% comparado a 1998, de acordo com números da Capif, entidade que reúne as gravadoras residentes no país.
Com as reviravoltas política e econômica, o primeiro semestre de 2002 foi de mal a pior e registrou ínfimas 1.273.520 unidades comercializadas. "O mercado praticamente inexiste. Não há muitos discos sendo lançados e os poucos que saem custam quase a mesma coisa de quando se supunha que tudo estava normal", afirma o crítico Esteban Pintos, do jornal "Página 12".
Com preços para os últimos lançamentos por volta de 22 pesos (cerca de R$ 18,50) e a pirataria disponível, o argentino parece não ter dúvidas sobre qual opção recorrer. Os chamados discos "truchos" já superam a produção legal em mais de 50%. Os piratas são encontrados não só em camelôs ou feiras, mas também em bancas e pequenos supermercados, além de serem comprados através de um serviço de entrega.
O único fenômeno positivo parece ser o bom público dos shows que ocorrem em Buenos Aires. Um exemplo é a banda Los Piojos, que tocou por quatro noites seguidas no estádio Luna Park e levou um total de 24 mil pessoas.
Para o editor da versão argentina da revista "Rolling Stone", Fernando Sanchez, as apresentações ao vivo estão servindo como um antidepressivo. "Os shows funcionam como uma catarse para as pessoas nesta crise. Elas não querem parar e ouvir discos. Querem ir ao estádio e se exaltar", afirma.
Turnês estão sendo a tábua de salvação para as bandas, principalmente as feitas fora do país. O objetivo é consolidar o público existente no restante da América Latina e, o mais difícil, conquistar os hispânicos dos EUA. Grupos como Los Fabulosos Cadillacs e Bersuit Vergarabat estão conseguindo agendar shows em lugares pequenos de Nova York em busca do cachê em dólares.


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