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"MULHER-GATO"
Gata se desequilibra entre um feminismo e o fetiche masculino
DA REPORTAGEM LOCAL
Lá nos anos 40, quadrinhos de
super-heróis eram coisas de
meninos. É natural, portanto,
que, quando criou "Batman", Bob
Kane pensasse imediatamente em
inventar uma personagem feminina que virasse a cabeça não só
do herói, mas principalmente dos
milhões de adolescentes que levariam aquelas revistinhas para casa
e, quiçá, para o banheiro.
Turbinada pelo feminismo de
butique das gerações posteriores,
a Mulher-Gato, no entanto, acabou virando uma das personagens de quadrinhos mais admiradas pelas garotas. É essa a anti-heroína que o pouco experiente diretor Pitof traz aos cinemas em
"Mulher-Gato", não propriamente uma adaptação literal HQ da
DC Comics, mas um filme com
Halle Berry trajando couro, chicote e garras de diamante.
Não estamos em Gotham City,
Batman não existe, e a futura Mulher-Gato é jeca, estabanada e trabalha numa fábrica de cosméticos
às voltas com a criação de um creme milagroso, que proporcionaria "juventude a qualquer custo".
Ao descobrir os efeitos colaterais do creminho, Patience Philips
é assassinada e, depois, revivida
por um gato misterioso, enviado
pela deusa egípcia protetora dos
felinos... Daí em diante, a bela vira
fera e sai em busca de vingança
sobre seus algozes, entre eles, a
modelo Laurel Hedare (Sharon
Stone), pobrezinha, descartada
como um frasco vazio de xampu
depois que seu marido arruma
uma nova garota-propaganda para o cosmético milagroso.
Isso sem falar no detetive que ficará dividido entre sua paixão pela gatuna e a obrigação de entregá-la à lei. O mesmo dilema vivido
por Batman, com uma nem um
pouco sutil diferença de estilo: alguém imaginaria o morcegão tendo de encarar uma partida de basquete de rua com a moça para
conquistar seu coração? Nem eu.
Assim, enquanto tenta ser um
manifesto protofeminista para a
mulher moderna, dominadora de
homens e ávida por liberdade,
"Mulher-Gato", o filme, não passa de um amontoado de obviedades vazias que conseguem, no
máximo, aguçar os fetiches dos
marmanjos que talvez tenham
trocado os gibis pela leitura do
jornal no banheiro.
(DIEGO ASSIS)
Mulher-Gato
Catwoman
Produção: EUA, 2004
Direção: Pitof
Com: Halle Berry, Sharon Stone
Quando: a partir de hoje, no Shopping
D, Pátio Higienópolis e circuito
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