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Dupla acabava de
entrar no primeiro time
LUÍS PEREZ
da Redação
O acidente que matou na madrugada de ontem o cantor João Paulo
interrompe uma promessa que estava sendo cumprida. João Paulo e
Daniel finalmente ingressavam,
após 16 anos, no seleto mundo das
duplas sertanejas de "primeiro time" e da "nova geração".
Lançado em abril deste ano, o oitavo disco da dupla prometia elevar seu status -e foi o que fez,
com o hit romântico "Ela Tem o
Dom de Me Fazer Chorar", que
abusa de teclados e guitarra.
A carreira dos dois, que vieram
de Brotas (247 km a noroeste de
São Paulo), começou em 1981 e,
aos poucos, assumiu a estratégia
das duplas top Zezé di Camargo e
Luciano, Chitãozinho e Xororó e
Leandro e Leonardo: gravar um
repertório variado em termos de
estilo e muitas baladas românticas.
Isso fez com que, no mais recente CD, eles incluíssem não só músicas de raiz sertaneja como "No
Mesmo Lugar", originalmente
gravada por João Mineiro e Marciano nos anos 80.
Também há "Minissaia", um
"pagode caipira", e "Acabou",
qualificado por eles de "rockão
descontraído".
Outra prova da estratégia é a gravação de autores tradicionalmente
românticos, caso de Peninha e Cesar Augusto e Piska.
O resultado foi uma vendagem
de cerca de 700 mil cópias do disco
do ano passado, com a música de
trabalho "Estou Apaixonado", e
de 500 mil de outro volume, coletânea dos maiores sucessos.
A morte, que já rondou muitas
duplas sertanejas do passado, também chegou, na madrugada de ontem, a uma dupla sertaneja da nova geração, que, além de todas as
barreiras musicais, venceu um
preconceito. Diferentemente do
que acontece na maioria das duplas, João Paulo e Daniel tinha um
integrante negro. Era João Paulo.
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