|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TELEVISÃO
Novidades são faixa etária de classificação de 16 anos e punição baseada no Estatuto da Criança e do Adolescente
Para ministério, medida é uma "apertadinha"
SILVANA ARANTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A edição da portaria 796 é classificada pelo Ministério da Justiça
como uma "apertadinha" na queda-de-braço com as emissoras de
televisão, segundo a assessoria do
órgão. O ministério argumenta
que, nos últimos cinco anos, tentou negociar uma espécie de auto-regulamentação com o setor, à semelhança do que ocorre com a
publicidade.
As negociações foram conduzidas primeiro com a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de
Rádio e Televisão) e, em seguida,
individualmente com as emissoras. Mas a avaliação é que a tentativa redundou num grande jogo
de empurra.
A "apertadinha" refere-se à inclusão da faixa etária de 16 anos
entre os critérios de classificação e
à ameaça de punição, por meio do
Estatuto da Criança e do Adolescente, conforme prevê o artigo 16
da portaria.
Antes, só havia atrações livres
ou inadequadas para 12, 14 ou 18
anos. De acordo com a nova portaria, programas não recomendados para menores de 12 anos não
podem ser exibidos antes das 20h.
Atrações indicadas para maiores
de 14 anos só devem ir ao ar após
as 21h, para maiores de 16, às 22h,
e, para 18 anos, às 23h.
A avaliação do Ministério da
Justiça é de que ele não pode
avançar além daí, mas que deve
responder à pressão da sociedade
para a adoção de parâmetros.
Na opinião do procurador da
República e professor de direito
constitucional Walter Rothenburg, trata-se de uma "portaria
democrática" que "evita a idéia de
censura e aposta na idéia de responsabilidade", na medida em
que deixa a cada parte envolvida
sua atribuição legítima. A classificação fica com o Ministério da
Justiça e a repressão, com a autoridade policial.
Mesmo qualificando a portaria
como democrática, o procurador
não nega que ela possa ser tachada de moralista, embora não veja
nisso incoerência alguma.
"É moralista porque a nossa
Constituição não é neutra, adota
uma postura ética, estabelecendo
valores éticos e sociais da pessoa e
da família", diz Rothenburg.
Ontem à tarde, após o fechamento desta edição, a Abert iria se
pronunciar a respeito da portaria
do Ministério da Justiça.
Há mais de um mês, donos de
emissoras de televisão vêm se articulando, fora da Abert, contra
medidas restritivas do governo.
As diretorias da Bandeirantes,
Rede TV!, Gazeta e SBT teriam
reuniões ontem para definir uma
posição e não quiseram se pronunciar.
Colaborou a Reportagem Local
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Ineficaz, portaria do governo ressuscita símbolo da censura Índice
|