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Irvin Mayfield sucede a Marsalis
DA REDAÇÃO
Buddy Bolden, Louis Armstrong, Wynton Marsalis, Terence
Blanchard, Nicholas Payton. Considerado localmente o próximo
nome nessa linhagem de trompetistas de Nova Orleans, Irvin Mayfield vem ao Free Jazz para mostrar se é merecedor da distinção.
De sua casa em Nova Orleans,
ele parou de cozinhar uns biscoitos e disse à Folha, por telefone,
que está sendo ajudado por seus
antecessores a ser um grande
trompetista. "Mais do que meu
mentor, Wynton é meu amigo.
Cheguei a morar dois anos com
ele em Nova York, enquanto estava estudando música. Nicholas
me deu um de seus trompetes."
Segundo Mayfield, músicos do
calibre dos citados nos parágrafos
anteriores têm resolvido ficar na
cidade natal, o que tem aquecido
a cena musical de Nova Orleans.
"Hoje, nós não precisamos mais
migrar para o norte. Temos uma
infinidade de clubes aqui. Para
quem assiste, o legal é ter a oportunidade de ver alguns encontros
entre músicos locais. Além disso,
a platéia recebe a nossa vibração
caseira, impossível de encontrar
em outro lugar."
Apesar de ser um músico que
vem fundindo o jazz com outros
estilos, o trompetista não protagoniza discussões com Wynton,
conhecido por sua defesa da tradição no gênero. E, quando o assunto é a mistura no jazz, Mayfield adapta o discurso para não
agredir seu mentor.
"Quando aparecer o Louis
Armstrong do hip hop, eu vou
gostar, mas até hoje não vi ninguém com a magnitude de um
John Coltrane ou de um Beethoven. Até esse dia, pop, hip hop e
outros estilos são apenas coisas
feitas para as pessoas sacudirem
os traseiros. O discurso não se
adapta à música de Mayfield, que,
além da carreira solo, lidera o grupo de sotaque caribenho Los
Hombres Calientes. Salsa, música
brasileira e até vertentes do pop
entram na fórmula que o trompetista vai mostrar no Free Jazz,
acompanhado de piano, baixo e
bateria.
(EF)
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