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Ópera desloca Mozart para os dias atuais
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um espetáculo de ópera pode
ser leve, ter um enredo hilariante e
ao mesmo tempo trazer belíssimas melodias do começo ao fim.
É essa a feliz soma de atributos de
"As Bodas de Fígaro", de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), que inicia hoje, no teatro
São Pedro, curtíssima temporada
paulistana de três récitas.
A produção será a mesma que a
apresentada em Manaus, em
maio último, no Festival Amazonas de Ópera, e desloca para os
dias atuais a ação situada originariamente na Sevilha do século 18.
Mozart trabalhou com o libretista italiano Lorenzo da Ponte,
seu companheiro em duas outras
óperas ("Don Giovanni" e "Così
Fan Tutte"). Da Ponte baseou-se
no personagem de Fígaro, criado
pouco antes pelo comediógrafo
francês Pierre Augustin de Beaumarchais. É o mesmo "fac totum"
que apareceria em outra peça popularíssima do repertório lírico,
"O Barbeiro de Sevilha", que o italiano Gioacchino Rossini estreou
em Roma, em 1816.
Em "As Bodas", com primeira
apresentação em Viena, em 1786,
o ex-barbeiro Fígaro se dá conta
de que seu atual patrão e protetor,
o conde Almaviva, pretende frequentar clandestinamente o leito
de Suzana, criada da condessa e
que vem a ser a noiva dele.
O plano do libertino de colocar
um par de chifres na cabeça do subordinado é desmontado ao fim
de peripécias alinhavadas a uma
velocidade estonteante, das quais
também participam a mulher do
conde e, indiretamente, um criado adolescente chamado Cherubino, papel travesti, sempre interpretado por uma mezzo-soprano.
Em sua encenação no teatro São
Pedro, "As Bodas" terão a direção
musical do maestro Luiz Fernando Malheiro, que regeu a mesma
produção em Manaus.
A soprano brasileira Simone
Foltran, radicada em Berlim, fará
o papel da Condessa, e o barítono
Sandro Bodilon será Fígaro. A soprano Gabriella Pace, com a voz
em rápido amadurecimento, volta à cena como Suzana. Ela passou
a firmar sua carreira há dois anos,
como Musetta (em "La Bohème")
e Micaela (em "Carmen").
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