São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 2000

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Ópera desloca Mozart para os dias atuais

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um espetáculo de ópera pode ser leve, ter um enredo hilariante e ao mesmo tempo trazer belíssimas melodias do começo ao fim. É essa a feliz soma de atributos de "As Bodas de Fígaro", de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), que inicia hoje, no teatro São Pedro, curtíssima temporada paulistana de três récitas.
A produção será a mesma que a apresentada em Manaus, em maio último, no Festival Amazonas de Ópera, e desloca para os dias atuais a ação situada originariamente na Sevilha do século 18.
Mozart trabalhou com o libretista italiano Lorenzo da Ponte, seu companheiro em duas outras óperas ("Don Giovanni" e "Così Fan Tutte"). Da Ponte baseou-se no personagem de Fígaro, criado pouco antes pelo comediógrafo francês Pierre Augustin de Beaumarchais. É o mesmo "fac totum" que apareceria em outra peça popularíssima do repertório lírico, "O Barbeiro de Sevilha", que o italiano Gioacchino Rossini estreou em Roma, em 1816.
Em "As Bodas", com primeira apresentação em Viena, em 1786, o ex-barbeiro Fígaro se dá conta de que seu atual patrão e protetor, o conde Almaviva, pretende frequentar clandestinamente o leito de Suzana, criada da condessa e que vem a ser a noiva dele.
O plano do libertino de colocar um par de chifres na cabeça do subordinado é desmontado ao fim de peripécias alinhavadas a uma velocidade estonteante, das quais também participam a mulher do conde e, indiretamente, um criado adolescente chamado Cherubino, papel travesti, sempre interpretado por uma mezzo-soprano.
Em sua encenação no teatro São Pedro, "As Bodas" terão a direção musical do maestro Luiz Fernando Malheiro, que regeu a mesma produção em Manaus.
A soprano brasileira Simone Foltran, radicada em Berlim, fará o papel da Condessa, e o barítono Sandro Bodilon será Fígaro. A soprano Gabriella Pace, com a voz em rápido amadurecimento, volta à cena como Suzana. Ela passou a firmar sua carreira há dois anos, como Musetta (em "La Bohème") e Micaela (em "Carmen").


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