São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

QUADRINHOS

Heróis da maior editora de HQs dos Estados Unidos rendem-se ao universo do mangá

Golpe de misericórdia

Divulgação
Capitão América, à frente dos Vingadores, da Marvel, que foram recriados como robôs de mangá


DIEGO ASSIS
DA REDAÇÃO

Houve quem achasse exagerado afirmar que os mangá, nome genérico usado para se referir às histórias em quadrinhos japonesas, pudessem ameaçar o sólido reinado dos heróis das HQs americanas no Brasil. Nenhuma criaturazinha estilizada, sem nariz e com olhos arregalados, imaginava-se, seria páreo para a supremacia de décadas de Homem-Aranha, X-Men e Vingadores, de um lado, e Super-Homem, Batman e a onipotente Liga da Justiça, de outro. Hoje, não se deve mais falar em "ameaça", mas em triunfo.
Enquanto duas das principais referências do quadrinho de herói norte-americano, a Marvel e a DC Comics, enfrentaram uma crise de mercado e acabaram tendo seus direitos de publicação vendidos pela editora Abril para a Panini Brasil Ltda., pelo menos outras duas casas editoriais nanicas, a Conrad e a Japan-Brazil Communications (JBC) conquistaram uma boa fatia de leitores nos últimos três anos.
Segundo números fornecidos pelas próprias editoras, essas duas companhias juntas colocam no mercado cerca de 1,5 milhão de exemplares de mangá ao mês. A linha de "Dragon Ball", principal filão da Conrad, teria vendido cerca de 17 milhões de exemplares, de novembro de 2000 até hoje no Brasil.
O presidente da Panini, José Eduardo Severo Martins, diz que a soma dos dois títulos de maior tiragem atualmente publicados pela editora, detentora dos heróis americanos mais famosos, não ultrapassa os 80 mil exemplares.

Speed Racer
"Faz quase 30 anos que os brasileiros vêm se acostumando com a linguagem dos quadrinhos japoneses, mas não se deram conta", defende o diretor-geral da JBC, Júlio Moreno, 33. "Desenhos como "Speed Racer" ou seriados de TV como "Ultraman" sempre fizeram um grande sucesso por aqui. E todos eles vieram do mangá."
Consciente ou não, a verdade é que, de uns tempos para cá, até a Marvel americana -que perdeu a liderança de vendas de HQs em seu país devido a uma incômoda ressurreição dos Transformers, em uma versão para os quadrinhos influenciada pela estética japonesa- resolveu apostar suas fichas no universo mangá.
"Marvel Mangaverse", lançada em janeiro deste ano por lá como um projeto experimental de releituras dos personagens mais tradicionais da gigante americana, fez um tremendo sucesso entre os leitores dos EUA e chega agora ao Brasil pelas mãos da Panini.
"A Marvel já vinha tentando entrar nesse mercado há alguns anos, quando publicou versões em mangá de "Homem-Aranha" e de "X-Men'", lembra Carl Gustav Horn, editor da Viz Communications, uma das principais editoras de quadrinhos japoneses nos EUA desde 1987 e que coloca todo mês 25 títulos diferentes do gênero nas bancas de revistas de lá. "A partir de meados dos anos 80, o mangá passou a ter uma aceitação muito grande por aqui, especialmente graças ao [quadrinista americano" Frank Miller, que sempre demonstrou um enorme respeito por essa forma de quadrinhos", destaca Horn, sobre o autor dos clássicos "Ronin", "Elektra", entre outros.


Texto Anterior: Programação de TV
Próximo Texto: Sucesso do mangá está em tom universal
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.