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CINEMA/ESTRÉIA
Em "O Homem do Membro de Ouro", o comediante Mike Myers homenageia seu pai
Com Austin Powers só se vive 4 vezes
PAOULA ABOU-JAOUDE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
Enquanto muitos atores de Hollywood ainda não resolveram
seus problemas com a mãe, o comediante canadense Mike Myers,
39, mostra ser desprovido do
complexo de Édipo. Foi o pai, um
ex-operário inglês, quem serviu
de inspiração para Myers criar
um dos personagens cômicos de
maior sucesso do cinema americano: Austin Powers.
Em "O Homem do Membro de
Ouro", terceiro episódio da série,
Myers resolveu dar um pai para o
agente secreto. Para interpretá-lo,
recrutou Michael Caine, ator que
o pai idolatrava. Ele também conseguiu reunir um elenco de extras
de dar inveja a George Lucas. Para
não estragar nenhuma surpresa,
Myers comentou, em entrevista à
Folha, somente sobre um deles:
Steven Spielberg.
Folha - Como surgiu a idéia para o
terceiro episódio de Austin Powers?
Mike Myers - Toda a série é um
tributo a meu pai. Depois da morte dele, em 1991, passei dois anos
incapacitado emocionalmente.
Algumas crianças são obrigadas a
tocar piano, eu era obrigado a ver
Monty Python (risos). Comecei a
assistir ao show todas as noites e,
em três semanas, tive as idéias para o filme. Neste caso, sabia que
uma parte do filme tinha que ser
sobre meu pai, que sempre foi
muito meu amigo.
Folha - Tinha Michael Caine em
mente desde o início?
Myers - Sim, pois quando fiz
Austin Powers em shows de comédia, inclui aqueles óculos característicos de Michael Caine. Ele
fez parte do DNA de Austin desde
o início. Também adorava filmes
como "O Cérebro de um Bilhão
de Dólares", que meu pai insistia
para eu ver, em uma educação totalmente pop. Meu pai adorava
Michael e aquele sotaque meio de
classe trabalhadora. Então, resolvi
escrever uma longa e pegajosa
carta puxando o saco dele e implorando para que considerasse o
personagem.
Folha - Você interpreta quatro
personagens diferentes. Qual foi o
mais difícil de fazer?
Myers - O Fat Bastard foi complicado, pois a maquiagem e o terno
com a gordurinha extra pesavam
quase 45 quilos. Um dos ingredientes daquela roupa é o sulfeto.
Mesmo que eles colocassem uma
essência de baunilha, o cheiro era
insuportável. Ele também é tão
grosso que passava uma energia
meio estranha para as pessoas.
Folha - Como é contracenar com o
Mini Me (Verne Troyer)?
Myers - Ele é um grande comediante e um de meus heróis, pois
não existe limitação em seu trabalho. Está sempre com dor física,
por causa de sua musculatura,
mas ninguém o faz parar.
Folha - Como explica o fato de ter
reunido tanta gente famosa?
Myers - Escrevemos o roteiro
com o nome de todos aqueles artistas como personagens. Fizemos por farra, acreditando que
seria como um "Campos do Sonhos" às avessas: "Se você escrever, eles virão" (risos). E vieram
mesmo! Mas tenho que agradecer
muito a Steven Spielberg, por ter
feito algumas ligações para mim.
Folha - Recentemente você trabalhou com Bruno Barreto (no ainda
inédito "A View from the Top").
Que tipo de diretor ele é?
Myers - Ele é ótimo. Repetia o
nome dele o dia inteiro (risos).
Adoraria que esse fosse meu nome, cool e imponente.
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