São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 2002

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CINEMA/ESTRÉIA

Em "O Homem do Membro de Ouro", o comediante Mike Myers homenageia seu pai

Com Austin Powers só se vive 4 vezes

PAOULA ABOU-JAOUDE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

Enquanto muitos atores de Hollywood ainda não resolveram seus problemas com a mãe, o comediante canadense Mike Myers, 39, mostra ser desprovido do complexo de Édipo. Foi o pai, um ex-operário inglês, quem serviu de inspiração para Myers criar um dos personagens cômicos de maior sucesso do cinema americano: Austin Powers.
Em "O Homem do Membro de Ouro", terceiro episódio da série, Myers resolveu dar um pai para o agente secreto. Para interpretá-lo, recrutou Michael Caine, ator que o pai idolatrava. Ele também conseguiu reunir um elenco de extras de dar inveja a George Lucas. Para não estragar nenhuma surpresa, Myers comentou, em entrevista à Folha, somente sobre um deles: Steven Spielberg.

Folha - Como surgiu a idéia para o terceiro episódio de Austin Powers?
Mike Myers -
Toda a série é um tributo a meu pai. Depois da morte dele, em 1991, passei dois anos incapacitado emocionalmente. Algumas crianças são obrigadas a tocar piano, eu era obrigado a ver Monty Python (risos). Comecei a assistir ao show todas as noites e, em três semanas, tive as idéias para o filme. Neste caso, sabia que uma parte do filme tinha que ser sobre meu pai, que sempre foi muito meu amigo.

Folha - Tinha Michael Caine em mente desde o início?
Myers -
Sim, pois quando fiz Austin Powers em shows de comédia, inclui aqueles óculos característicos de Michael Caine. Ele fez parte do DNA de Austin desde o início. Também adorava filmes como "O Cérebro de um Bilhão de Dólares", que meu pai insistia para eu ver, em uma educação totalmente pop. Meu pai adorava Michael e aquele sotaque meio de classe trabalhadora. Então, resolvi escrever uma longa e pegajosa carta puxando o saco dele e implorando para que considerasse o personagem.

Folha - Você interpreta quatro personagens diferentes. Qual foi o mais difícil de fazer?
Myers -
O Fat Bastard foi complicado, pois a maquiagem e o terno com a gordurinha extra pesavam quase 45 quilos. Um dos ingredientes daquela roupa é o sulfeto. Mesmo que eles colocassem uma essência de baunilha, o cheiro era insuportável. Ele também é tão grosso que passava uma energia meio estranha para as pessoas.

Folha - Como é contracenar com o Mini Me (Verne Troyer)?
Myers -
Ele é um grande comediante e um de meus heróis, pois não existe limitação em seu trabalho. Está sempre com dor física, por causa de sua musculatura, mas ninguém o faz parar.

Folha - Como explica o fato de ter reunido tanta gente famosa?
Myers -
Escrevemos o roteiro com o nome de todos aqueles artistas como personagens. Fizemos por farra, acreditando que seria como um "Campos do Sonhos" às avessas: "Se você escrever, eles virão" (risos). E vieram mesmo! Mas tenho que agradecer muito a Steven Spielberg, por ter feito algumas ligações para mim.

Folha - Recentemente você trabalhou com Bruno Barreto (no ainda inédito "A View from the Top"). Que tipo de diretor ele é?
Myers -
Ele é ótimo. Repetia o nome dele o dia inteiro (risos). Adoraria que esse fosse meu nome, cool e imponente.


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