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MÚSICA/LANÇAMENTO
PRIMAL SCREAM
"Evil Heat ", séti mo disco do viole nto grupo escoc ês de rock eletr ônic o, é lanç ado no Brasil sema na que vem
LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em setembros nervosos como estes últimos, um disco dos moldes do novíssimo "Evil
Heat", obra da banda guerrilheira Primal Scream, parece ser a trilha
sonora ideal da estação.
Violento e sensual em medidas
bem exageradas, rock e eletrônico
na mistura exata, o sétimo CD do
grupo escocês chega às lojas brasileiras, em edição nacional, na semana que vem.
"O Primal Scream é mesmo
uma banda exagerada", disse à
Folha o guitarrista Andrew Innes,
um dos fundadores do grupo, em
entrevista direto de Londres.
"Evil Heat", cujo nome do CD e
de músicas como "Miss Lucifer" e
"The Lord Is My Shotgun" faz por
merecer o título "Disco Inferno"
dado acima, já nasceu algo amaldiçoado. As primeiras notícias do
álbum, surgidas no calor dos ataques terroristas aos EUA em 2001,
davam conta de que o disco teria
uma música chamada "Bomb the
Pentagon", que acabou entrando
no novo CD como "Rise".
"Isso é uma bobagem, porque a
frase cantada na música significa
uma guerra no campo das idéias.
Não incita ninguém a botar uma
bomba na mala e levá-la a Washington. Mas resolvemos mudar
o nome. Senão o disco todo ia ficar maldito", explicou Innes.
O novo disco do Primal Scream
nem parece ser um novo disco do
Primal Scream, banda que se reinventa e reinventa o pop a cada CD
lançado. "Evil Heat" é uma espécie de continuação do álbum anterior, o virulento "Xtrmntr", raivoso, guiado por uma bateria programada e infestado por loops de
guitarra. Innes não discordou.
"A cada disco procuramos soar
diferentes, mas "Evil Heat" começou a ser composto assim que o
"Xtrmntr" foi lançado. É normal
que algumas músicas tenham tido
influência daquela época", justificou o guitarrista.
A semelhança no estilo dos discos ou a não-reinvenção não fazem de "Evil Heat" um CD menos
obrigatório. Seja na candura eletrônica de "Autobahn 66" (Kraftwerk?) ou na truculência punk de
"City", o disco é excelente.
O show continua na ficha técnica do CD. O líder do grupo, Bobby
Gillespie, além de contar em suas
fileiras com o baixista Mani (ex-Stone Roses) e o amado guitarrista indie Kevin Shields (ex-My
Bloody Valentine), está acompanhado de gente como o renomado produtor Andy Weatherall,
Jim Reid (ex-Jesus & Mary Chain)
e Robert Plant, do Led Zeppelin,
em "The Lord Is My Shotgun".
"Metade do disco foi produzido
por Kevin Shields, o que reforçou
a posição rock'n'roll do CD.
Quando os trabalhos saíam das
mãos de Weatherall, vinha a psicodelia eletrônica. A combinação
desses dois mágicos forma o Primal Scream", disse Innes.
E como um roqueiro veterano
como Robert Plant foi bater na
porta futurista do Primal Scream?
"Ele bebe no mesmo pub que a
gente. Mas quase nunca tínhamos
chegado perto dele. Sabe, ele é como um ícone inalcançável para
nós", contou o guitarrista.
"Mas aí surgiu a oportunidade
do convite e ele respondeu: "Por
que não?". Marcamos o dia, ele
chegou pontualmente, ficou por
uma hora e foi embora."
"Evil Heat" cresce quando suas
músicas ganham performance ao
vivo. A imagem da banda no palco combinada com fortes luzes
estrobo voltadas para a platéia
formam o visual perfeito para
quem está recebendo a porção sonora emitida pelo Primal Scream.
Em show recente presenciado
pela Folha, em um festival espanhol onde o Primal Scream tocou
depois da megabanda Radiohead,
o desafio era grande.
Bobby Gillespie e cia. teriam
que tirar do transe um público
amaciado minutos antes pelo
som espacial do Radiohead.
Veio o show. Vieram as luzes e
as músicas de "Evil Heat". E quem
estava presente ao Radiohead não
só acordou como não deve ter
dormido as noites seguintes.
Evil Heat
Artista: Primal Scream
Lançamento: Sony Music
Preço: R$ 25, em média
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