São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 2002

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MÚSICA/LANÇAMENTO

PRIMAL SCREAM

"Evil Heat ", séti mo disco do viole nto grupo escoc ês de rock eletr ônic o, é lanç ado no Brasil sema na que vem

LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em setembros nervosos como estes últimos, um disco dos moldes do novíssimo "Evil Heat", obra da banda guerrilheira Primal Scream, parece ser a trilha sonora ideal da estação.
Violento e sensual em medidas bem exageradas, rock e eletrônico na mistura exata, o sétimo CD do grupo escocês chega às lojas brasileiras, em edição nacional, na semana que vem.
"O Primal Scream é mesmo uma banda exagerada", disse à Folha o guitarrista Andrew Innes, um dos fundadores do grupo, em entrevista direto de Londres.
"Evil Heat", cujo nome do CD e de músicas como "Miss Lucifer" e "The Lord Is My Shotgun" faz por merecer o título "Disco Inferno" dado acima, já nasceu algo amaldiçoado. As primeiras notícias do álbum, surgidas no calor dos ataques terroristas aos EUA em 2001, davam conta de que o disco teria uma música chamada "Bomb the Pentagon", que acabou entrando no novo CD como "Rise".
"Isso é uma bobagem, porque a frase cantada na música significa uma guerra no campo das idéias. Não incita ninguém a botar uma bomba na mala e levá-la a Washington. Mas resolvemos mudar o nome. Senão o disco todo ia ficar maldito", explicou Innes.
O novo disco do Primal Scream nem parece ser um novo disco do Primal Scream, banda que se reinventa e reinventa o pop a cada CD lançado. "Evil Heat" é uma espécie de continuação do álbum anterior, o virulento "Xtrmntr", raivoso, guiado por uma bateria programada e infestado por loops de guitarra. Innes não discordou.
"A cada disco procuramos soar diferentes, mas "Evil Heat" começou a ser composto assim que o "Xtrmntr" foi lançado. É normal que algumas músicas tenham tido influência daquela época", justificou o guitarrista.
A semelhança no estilo dos discos ou a não-reinvenção não fazem de "Evil Heat" um CD menos obrigatório. Seja na candura eletrônica de "Autobahn 66" (Kraftwerk?) ou na truculência punk de "City", o disco é excelente.
O show continua na ficha técnica do CD. O líder do grupo, Bobby Gillespie, além de contar em suas fileiras com o baixista Mani (ex-Stone Roses) e o amado guitarrista indie Kevin Shields (ex-My Bloody Valentine), está acompanhado de gente como o renomado produtor Andy Weatherall, Jim Reid (ex-Jesus & Mary Chain) e Robert Plant, do Led Zeppelin, em "The Lord Is My Shotgun".
"Metade do disco foi produzido por Kevin Shields, o que reforçou a posição rock'n'roll do CD. Quando os trabalhos saíam das mãos de Weatherall, vinha a psicodelia eletrônica. A combinação desses dois mágicos forma o Primal Scream", disse Innes.
E como um roqueiro veterano como Robert Plant foi bater na porta futurista do Primal Scream?
"Ele bebe no mesmo pub que a gente. Mas quase nunca tínhamos chegado perto dele. Sabe, ele é como um ícone inalcançável para nós", contou o guitarrista.
"Mas aí surgiu a oportunidade do convite e ele respondeu: "Por que não?". Marcamos o dia, ele chegou pontualmente, ficou por uma hora e foi embora."
"Evil Heat" cresce quando suas músicas ganham performance ao vivo. A imagem da banda no palco combinada com fortes luzes estrobo voltadas para a platéia formam o visual perfeito para quem está recebendo a porção sonora emitida pelo Primal Scream.
Em show recente presenciado pela Folha, em um festival espanhol onde o Primal Scream tocou depois da megabanda Radiohead, o desafio era grande.
Bobby Gillespie e cia. teriam que tirar do transe um público amaciado minutos antes pelo som espacial do Radiohead.
Veio o show. Vieram as luzes e as músicas de "Evil Heat". E quem estava presente ao Radiohead não só acordou como não deve ter dormido as noites seguintes.


Evil Heat     
Artista: Primal Scream
Lançamento: Sony Music
Preço: R$ 25, em média



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