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Programa saúda MPB dos 70
"O Som do Vinil", que estréia no Canal Brasil, retraça história de 10 álbuns emblemáticos da década
Segundo o apresentador Charles Gavin, seleção levou em conta mérito artístico e facilidade de contatar músicos e produtores
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
O baterista dos Titãs, Charles
Gavin, tem uma queda por listas (de discos, canções etc.).
"Mas as pequenas são um problema", observa ele, como que
antecipando as possíveis críticas à relação de dez álbuns emblemáticos da música brasileira
na década de 70 que ele começa
a mostrar hoje, no semanal "O
Som do Vinil", do Canal Brasil.
O "top 10" de Gavin -que ouviu músicos, produtores e críticos para reconstituir as gravações dos discos- tem "Krig-ha
Bandolo", de Raul Seixas, "Acabou Chorare", dos Novos Baianos, "Fa-Tal (Gal a Todo Vapor)" e "Clube da Esquina". Há um
"intruso": "Tropicália ou Panis
et Circenses", o célebre LP de
68. "Cá entre nós, quando a
gente fez a lista e o disco não estava, fiquei muito culpado, por
razões óbvias", entrega.
A lista dos "preteridos" inclui
(ou exclui?) Tom Jobim, Cartola, Paulinho da Viola e Chico
Buarque. Gavin explica por que
"Construção" e "Meus Caros
Amigos" ficaram de fora. "O
Chico Buarque é a pessoa mais
culpada do mundo (risos). Em
outubro [de 2006], quando
conversamos, ele estava superexposto e trabalhando muito
[na turnê de "Carioca"]. Entendemos que seria impossível ele
conceder uma entrevista do jeito que o programa precisa."
Segundo o apresentador (nas
horas vagas, garimpeiro contumaz de pérolas esquecidas nos
arquivos das gravadoras), o critério de seleção dos discos combinou mérito artístico e conveniência de produção. Títulos
cujos músicos e produtores seria difícil contatar foram deixados para uma eventual segunda
temporada.
Sobre a dificuldade de entrevistar certos figurões, uma ausência notável na estréia, dedicada ao "Krig-ha Bandolo" de
Raul Seixas, é a de Paulo Coelho, parceiro recorrente do roqueiro baiano que só surge em
imagens de arquivo. Orçamento e logística de produção d" "O
Som" foram os empecilhos.
"O programa é feito por uma
produtora independente e exibido no Canal Brasil. Com esse
espírito independente, às vezes
é difícil entrevistar um cara como ele, que não está o tempo
todo no Brasil", diz Gavin.
E afinal, por que a escolha de
focar na década de 70? "É um
período de criação muito intensa na música brasileira, dentro
de um cenário político terrível.
E representa a interseção daquilo que eu e o Canal Brasil havíamos pré-selecionado", explica Gavin.
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