São Paulo, quinta-feira, 13 de setembro de 2007

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Programa saúda MPB dos 70

"O Som do Vinil", que estréia no Canal Brasil, retraça história de 10 álbuns emblemáticos da década

Segundo o apresentador Charles Gavin, seleção levou em conta mérito artístico e facilidade de contatar músicos e produtores

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O baterista dos Titãs, Charles Gavin, tem uma queda por listas (de discos, canções etc.). "Mas as pequenas são um problema", observa ele, como que antecipando as possíveis críticas à relação de dez álbuns emblemáticos da música brasileira na década de 70 que ele começa a mostrar hoje, no semanal "O Som do Vinil", do Canal Brasil.
O "top 10" de Gavin -que ouviu músicos, produtores e críticos para reconstituir as gravações dos discos- tem "Krig-ha Bandolo", de Raul Seixas, "Acabou Chorare", dos Novos Baianos, "Fa-Tal (Gal a Todo Vapor)" e "Clube da Esquina". Há um "intruso": "Tropicália ou Panis et Circenses", o célebre LP de 68. "Cá entre nós, quando a gente fez a lista e o disco não estava, fiquei muito culpado, por razões óbvias", entrega.
A lista dos "preteridos" inclui (ou exclui?) Tom Jobim, Cartola, Paulinho da Viola e Chico Buarque. Gavin explica por que "Construção" e "Meus Caros Amigos" ficaram de fora. "O Chico Buarque é a pessoa mais culpada do mundo (risos). Em outubro [de 2006], quando conversamos, ele estava superexposto e trabalhando muito [na turnê de "Carioca"]. Entendemos que seria impossível ele conceder uma entrevista do jeito que o programa precisa."
Segundo o apresentador (nas horas vagas, garimpeiro contumaz de pérolas esquecidas nos arquivos das gravadoras), o critério de seleção dos discos combinou mérito artístico e conveniência de produção. Títulos cujos músicos e produtores seria difícil contatar foram deixados para uma eventual segunda temporada.
Sobre a dificuldade de entrevistar certos figurões, uma ausência notável na estréia, dedicada ao "Krig-ha Bandolo" de Raul Seixas, é a de Paulo Coelho, parceiro recorrente do roqueiro baiano que só surge em imagens de arquivo. Orçamento e logística de produção d" "O Som" foram os empecilhos.
"O programa é feito por uma produtora independente e exibido no Canal Brasil. Com esse espírito independente, às vezes é difícil entrevistar um cara como ele, que não está o tempo todo no Brasil", diz Gavin.
E afinal, por que a escolha de focar na década de 70? "É um período de criação muito intensa na música brasileira, dentro de um cenário político terrível. E representa a interseção daquilo que eu e o Canal Brasil havíamos pré-selecionado", explica Gavin.


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