DA REPORTAGEM LOCAL

Para fazer um contraponto à lista de álbuns de Charles Gavin, a reportagem convidou o crítico e colaborador da Folha Carlos Calado e o crítico de música da revista "Carta Capital", Pedro Alexandre Sanches.
Antes de apontar seus preferidos, eles frisaram o caráter subjetivo das escolhas. "A música se mistura com lembranças de fases da vida. Discos da adolescência, por exemplo, são especiais, por serem uma espécie de veículo para a descoberta do mundo", disse Calado. "Qualquer lista de "dez mais" que eu fizesse deixaria para trás mais uns 50 possíveis "dez mais'", completou Sanches.
Vamos às listas: a de Calado coincide com a de Gavin em "Fa-Tal (Gal a Todo Vapor)", "Clube da Esquina", "Acabou Chorare" e "Pérola Negra". Ele acrescenta ao grupo "Elis & Tom" (1974), "Gil e Jorge -°Ogum-Xangô" (1975), "Cartola" (1976) e "Araçá Azul" (1972), de Caetano Veloso.
"Construção" (1971), de Chico Buarque, entra na seleção de Calado pela "poesia das composições e pela presença do [arranjador] Rogério Duprat". Para completar, ele cita "A Música Livre de Hermeto Pascoal" (1973), "porque não poderia faltar um dos maiores instrumentistas do país, que antecipou o crescimento da música instrumental brasileira".
Sanches, por sua vez, excluiu de sua lista os álbuns citados por Gavin. Ele escolheu "A Tábua de Esmeralda" (1974), de Jorge Ben, "Lóki?" (1974), de Arnaldo Baptista, "Roberto Carlos" (1970), "Entradas e Bandeiras" (1976), de Rita Lee & Tutti Frutti, "Clara Nunes" (1971), "Carlos, Erasmo..." (1971) e "Há Dez Mil Anos Atrás" (1976), de Raul Seixas.
Sobre "Dança da Solidão" (1972), ele diz: "A faixa-título prova que samba pode, sim, rimar com dor". Em "Elis", o crítico vê a síntese do "temperamento explosivo" da cantora "em uma simples canção, "Na Batucada da Vida'". "Refavela" (1977) fecha a lista, com "um mergulho até então inédito de Gil na própria negritude".


Texto Anterior: Programa saúda MPB dos 70
Próximo Texto: Perfil: Especial lista influências de Stephen King
Índice