São Paulo, domingo, 13 de setembro de 2009

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Me engana que eu gosto

O ator Tim Roth, estrela da série americana "Engana-me se Puder", diz que políticos "são bons exemplos de mentirosos"

Programa que estreia na TV paga dia 29 e está à venda em DVD conta histórias de um especialista em detectar mentiras de outras pessoas

Divulgação
Tim Roth interpreta o doutor Cal Lightman, especialista em identificar mentirosos, na série ‘Engana-me se Puder’

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

O ator é um fingidor. Alguns diriam até um mentiroso profissional. Talvez aí esteja a principal diferença entre Tim Roth e seu personagem na série "Engana-me se Puder" (péssima tradução para "Lie to Me", minta para mim).
O queridinho do cineasta Quentin Tarantino ("Pulp Fiction") interpreta especialista em revelar mentirosos a partir de microexpressões faciais e que não se esquiva de iludir as pessoas. Os políticos são alvos fáceis do seriado, que os coloca na mesma situação de alguns criminosos -embora estes não se safem tão bem.
Roth, 48, acha que os políticos são "sempre bons exemplos de mentirosos". "Usamos outras profissões, mas o político é muito mais popular. O público adora. E é sempre engraçado." Imagine Barack Obama disfarçadamente mostrando o dedo médio para um jornalista que fez uma pergunta incômoda. Ou Bill Clinton tentando se livrar das recordações de Monica Lewinsky. Não importa o partido, vai ser divertido.
Ele brinca que mente "na média" das pessoas, o que quer dizer três vezes numa conversa de dez minutos.
Vai me enganar seis vezes nesta entrevista de 20 minutos? "Provavelmente vou", responde. Espero que não.
Ou tudo o que for escrito a partir de agora estará errado.
Na primeira temporada, que já está à venda em DVD e entra no ar na Fox a partir do dia 29 de setembro, o dr. Cal Lightman se depara com a encruzilhada de contar a verdade, conforme seu próprio código de conduta, ou escondê-la e proteger sua parceira no trabalho.
No segundo ano da série, com estreia em 28 de setembro nos EUA, a trama mudou. "A primeira temporada foi experimental. Estávamos procurando o melhor jeito de contar essa história. No final, achamos o que funcionava melhor", entrega Roth. Talvez isso tenha a ver com a entrada de Shawn Ryan, criador de "The Shield".
O roteirista entrou no 11º episódio, que contava a história de um imitador de serial killer. A trama se passa dentro de uma prisão, é claustrofóbica e o dr. Lightman engana e se deixa enganar. "Era um capítulo bem assustador. Vamos fazer mais desse tipo. E também ressaltar o humor", diz ele, que filma o quarto episódio nesta semana. Para ele, esta nova temporada será mais levada pelo caráter dos personagens, mostrando os motivos de cada um agir de certa maneira e colocando todos em situações perigosas.
Os enredos são muitas vezes baseados em casos reais, como o 11 de Setembro e o desaparecimento da garota Madeleine. "Muitas vezes os roteiristas têm ideias baseadas em notícias. É basicamente uma mistura de realidade e ficção."
Seu jeito peculiar de andar e o forte sotaque londrino não são problema para Tim Roth, que adora usar a atuação física para desenvolver seus personagens. "Sempre usei meu físico. Gosto de fazer vozes diferentes. Quanto mais estranho e excêntrico for o personagem, mais me mantenho interessado nele.
Papéis bizarros, por que não? Acho divertido. Nunca fui um astro romântico. Gosto mais de personagens palpáveis e reais."

Trabalho duro
Um dos maiores salários da TV norte-americana atual, ganhando em média US$ 250 mil por episódio, ele diz que, por causa da crise econômica, menos filmes são feitos e atores buscam empregos em outros lugares, como a TV. "Além disso, os canais estão oferecendo bons papéis dramáticos. Enquanto isso acontecer, bons atores vão migrar para a TV."
Mas não é como ator que Tim Roth foi mais feliz. Ele diz que o melhor emprego do mundo é ser diretor e espera em breve poder voltar para trás das câmeras. Ele não descarta inclusive dirigir algo na TV, mas não nesta temporada. "Agora vou estar sobrecarregado de trabalho. Talvez no próximo ano, se nos mantiverem no ar."
Pelo contrato, o seriado pode durar mais seis anos e meio. "A decisão é do estúdio. E do público. Tomara que fiquemos. Eu não me importaria de continuar sendo Cal Lightman."
Para Roth, televisão é sinônimo de trabalho duro. "Quando estou num seriado, trabalho mais horas durante um curto tempo. É mais parecido com o teatro, porque você tem de entrar no mesmo personagem por um longo período e se manter interessante naquela história. Nos filmes, você grava uma vez e deixa o personagem para trás. Aqui, tenho que manter o personagem dentro de mim. Mas só no set. Quando termina o dia de trabalho, eu deixo ele ir. E saio para me divertir."


ENGANA-ME SE PUDER

Quando: a partir do dia 29, às 22h, na Fox, ou R$ 99,90 (caixa com a primeira temporada)
Classificação: 14 anos




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