São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2010

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"Existe crise na Itália", diz atriz de Pasolini

Adriana Asti estrela montagem de Bob Wilson para texto de Beckett em Porto Alegre

MARCOS GRINSPUM FERRAZ
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

"Dias Felizes" era a peça mais aguardada do 17º Festival Porto Alegre em Cena não apenas por ser uma obra de Samuel Beckett (1906-1989) e montada pelo renomado diretor americano Bob Wilson.
No palco, interpretando a já clássica Winnie, estava ninguém menos que a atriz dos filmes "Rocco e Seus Irmãos" (1960), de Luchino Visconti, "Antes da Revolução" (1964), de Bernardo Bertolucci, "O Fantasma da Liberdade" (1974), de Luis Buñuel, entre outros, de Pasolini, Vittorio de Sica etc.
Aos 77 anos, a italiana Adriana Asti teve de voltar três vezes ao palco para que cessassem os aplausos da plateia após a segunda das três apresentações que fez no festival, na sexta-feira.
No dia seguinte, se dizendo emocionada e feliz com a generosidade do público brasileiro, Asti falou à Folha sobre seu trabalho.
"Me identifico com a Winnie. E, quando apresento a peça, sinto que todas as mulheres são um pouco a Winnie", diz, sobre a personagem falante e otimista que, mesmo com o corpo quase todo enterrado, não se deixa abater em sua rotina.
Sobre trabalhar com Bob Wilson, ela conta: "É um privilégio, porque ele não é só um diretor. É um inventor, um criador de cenas e imagens incríveis".

LINGUAGENS
Com vasta carreira em cinema e teatro, Asti diz não ter preferência por uma ou outra linguagem, mas apenas sentir que geram vivências absolutamente diferentes.
"No teatro, é um prazer poder receber esse afeto do público na hora. No cinema as coisas se dão muito depois. Mas não significa que um seja melhor que o outro."
E continua: "No cinema, se o roteiro é belo e o diretor bom, é incrível. Se o roteiro for ruim e o diretor medíocre, será horrível. No teatro é a mesma coisa, mas, por algum motivo, é mais raro ver diretores medíocres no teatro do que no cinema".
E são os filmes ruins, na visão de Asti, os que predominam no cinema italiano hoje em dia.
Para ela, o cinema no país vive profunda decadência, o que a faz sentir saudades de diretores como Visconti, Pasolini e Vittorio de Sica.
"Existe uma crise na cultura e na economia italiana. Como o cinema é muito ligado à economia do meu país, ele também sofre com esse mau momento."

O jornalista MARCOS GRINSPUM FERRAZ viajou a convite do Porto Alegre em Cena.


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