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Cariocas não levantam plateia de Lyon
Desconhecida da Bienal, a Focus Cia. de Dança arrancou alguns "bravos" e aplausos, mas pecou no figurino
Temas de Johann Sebastian Bach tocados ao vivo servem de trilha para coreografias do brasileiro Alex Neoral
AMANDA QUEIRÓS
ENVIADA ESPECIAL A LYON
No catálogo da 14ª Bienal
de Lyon, a Focus Cia. de Dança, do Rio, é apontada como
"verdadeira descoberta".
Em entrevistas, o curador
do evento, Guy Darmet, vem
despejando sobre ela os adjetivos "diferente" e "original".
Em meio ao clima de novidade, o teatro da Croix Rouge
se encheu no último sábado
para ver "Três Pontos".
Praticamente desconhecido do público francês, o grupo arrancou alguns "bravos"
e aplausos demorados, mas
não pôs a plateia de pé. Na
primeira de quatro apresentações que fazem no festival,
os sete bailarinos da Focus se
mostraram precisos e tecnicamente bem preparados.
Egresso da companhia de
Deborah Colker, o coreógrafo
Alex Neoral, 31, colocou à
prova três de suas coreografias: "Pathways", "Interpret"
e "Um a Um".
Nelas, alcança uma boa
exploração de movimentos
em duos, que resultam em
uma dança ágil e criativa o
bastante para distanciá-lo da
influência de anos ao lado de
Colker.
"O trabalho dela tem uma
característica muito forte,
que é a exploração de cenários. Acaba que a movimentação sofre, vira muito algo
preso. Já eu parto mais da fisicalidade do movimento",
explica o coreógrafo.
Outra referência é a música -tanto que, em duas das
obras, instrumentistas sobem ao palco com os bailarinos para interpretar os temas
de Johann Sebastian Bach
que servem de trilha.
Apesar de trazer movimentos criativos e bem-acabados, a dança de Neoral ainda deixa a dever no figurino e
em sua relação com a proposta cênica, que merece um
pouco mais de atenção.
Segundo o coreógrafo, o
programa foi montado por
sugestão de Darmet e pensado para o público eclético
que acompanha a Bienal.
"Há algo mais lento, algo
mais agitado. Seguir essa sugestão significa confiar num
curador que faz essa programação há muitos anos e é
responsável pelo sucesso de
muita gente", diz.
PROJEÇÃO
Essa não é a primeira vez
da companhia no exterior.
Fundada em 2000, ela já esteve no Panamá, na Alemanha e na própria França, mas
é na Bienal que Neoral torce
por repercussão.
"É meu primeiro grande
festival. Alain Platel, Maguy
Marin e William Forsythe são
alguns dos maiores coreógrafos do mundo e eu estou
no meio deles."
E completa: "Já soube de
companhias que saíram de
Lyon para começar uma carreira e é isso que almejo para
a minha companhia".
A jornalista AMANDA QUEIRÓS viajou a
convite da 14ª Bienal de Dança de Lyon.
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