São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2010

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Cariocas não levantam plateia de Lyon

Desconhecida da Bienal, a Focus Cia. de Dança arrancou alguns "bravos" e aplausos, mas pecou no figurino

Temas de Johann Sebastian Bach tocados ao vivo servem de trilha para coreografias do brasileiro Alex Neoral

AMANDA QUEIRÓS
ENVIADA ESPECIAL A LYON

No catálogo da 14ª Bienal de Lyon, a Focus Cia. de Dança, do Rio, é apontada como "verdadeira descoberta".
Em entrevistas, o curador do evento, Guy Darmet, vem despejando sobre ela os adjetivos "diferente" e "original".
Em meio ao clima de novidade, o teatro da Croix Rouge se encheu no último sábado para ver "Três Pontos".
Praticamente desconhecido do público francês, o grupo arrancou alguns "bravos" e aplausos demorados, mas não pôs a plateia de pé. Na primeira de quatro apresentações que fazem no festival, os sete bailarinos da Focus se mostraram precisos e tecnicamente bem preparados.
Egresso da companhia de Deborah Colker, o coreógrafo Alex Neoral, 31, colocou à prova três de suas coreografias: "Pathways", "Interpret" e "Um a Um".
Nelas, alcança uma boa exploração de movimentos em duos, que resultam em uma dança ágil e criativa o bastante para distanciá-lo da influência de anos ao lado de Colker.
"O trabalho dela tem uma característica muito forte, que é a exploração de cenários. Acaba que a movimentação sofre, vira muito algo preso. Já eu parto mais da fisicalidade do movimento", explica o coreógrafo.
Outra referência é a música -tanto que, em duas das obras, instrumentistas sobem ao palco com os bailarinos para interpretar os temas de Johann Sebastian Bach que servem de trilha.
Apesar de trazer movimentos criativos e bem-acabados, a dança de Neoral ainda deixa a dever no figurino e em sua relação com a proposta cênica, que merece um pouco mais de atenção.
Segundo o coreógrafo, o programa foi montado por sugestão de Darmet e pensado para o público eclético que acompanha a Bienal.
"Há algo mais lento, algo mais agitado. Seguir essa sugestão significa confiar num curador que faz essa programação há muitos anos e é responsável pelo sucesso de muita gente", diz.

PROJEÇÃO
Essa não é a primeira vez da companhia no exterior.
Fundada em 2000, ela já esteve no Panamá, na Alemanha e na própria França, mas é na Bienal que Neoral torce por repercussão.
"É meu primeiro grande festival. Alain Platel, Maguy Marin e William Forsythe são alguns dos maiores coreógrafos do mundo e eu estou no meio deles."
E completa: "Já soube de companhias que saíram de Lyon para começar uma carreira e é isso que almejo para a minha companhia".


A jornalista AMANDA QUEIRÓS viajou a convite da 14ª Bienal de Dança de Lyon.


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