São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros

OPINIÃO

Diretor francês fazia análises demolidoras da burguesia

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Claude Chabrol dirigiu cerca de 80 filmes para o cinema e para a TV em 52 anos de carreira. Foi o mais prolífico cineasta da nouvelle vague.
É difícil resumir, em poucas linhas, uma obra tão longa e variada. Mas se pode dizer que dois artistas se destacam na formação de Chabrol: Hitchcock (1899-1980) e Balzac (1799-1850).
Em 1957, o diretor francês, então crítico dos "Cahiers du Cinéma", escreveu, em parceria com o cineasta Eric Rohmer, um influente livro de análise sobre o cinema de Alfred Hitchcock.
De Balzac, a quem sempre se referia como uma influência, herdou o gosto por descrições minuciosas e ácidas da sociedade.
Seus filmes comumente usavam o gênero policial ou de suspense como ponto de partida para fazer análises demolidoras da burguesia provinciana.
Seus temas prediletos eram a luta de classes e a violência por trás da fachada de respeitabilidade e sofisticação das elites.
Chabrol disse certa vez: "Embora eu faça muitos "thrillers", não sou interessado em trama. O que me interessa é o mistério, o intrínseco mistério que envolve os personagens (...) acredito muito na estrutura que nasce do confronto entre personagens".
Se os filmes de Hitchcock são fatalistas e os personagens parecem presos, desde o início, a um destino inescapável, nos "thrillers" de Chabrol a tensão vai se revelando aos poucos, como se ele tirasse, uma a uma, as máscaras dos personagens.
Quando um entrevistador perguntou se o filme "Mulheres Diabólicas" (1995), uma sangrenta parábola da luta de classes, simbolizava a "sociedade em vias de explodir", Chabrol respondeu: "Explodir, não. Implodir".


Texto Anterior: Cineasta Claude Chabrol morre aos 80
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.