São Paulo, Segunda-feira, 13 de Setembro de 1999
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Blur

Reprodução
Damon Albarn, o vocalista e líder do Blur, que vem ao Brasil



A Folha conferiu o show da banda, que vem ao Brasil em novembro; em entrevista exclusiva, Damon Albarn e Alex James traçam paralelo entre Oasis e Ronaldinho


LÚCIO RIBEIRO
enviado especial a Reading (Inglaterra)

1999 é definitivamente o ano da banda inglesa Blur. E, por conta de algum inexplicável milagre cósmico de fim de século, o grupo, em seu auge, toca no Brasil em novembro.
Um dos principais grupos pop da década, o Blur é uma badalação só desde que chapou os ouvidos do planeta com o estridente hit "Song 2", canção do álbum homônimo de 1996 que virou hino jovem em todo lugar, foi tema da liga de hóquei americana, embalou os comerciais de TV e cinema dos computadores Pentium e da cerveja Labatt e se tornou trilha do game campeão "Fifa Soccer".
Numa guinada sonora, a banda se entregou ao amor quando lançou, no começo deste ano, seu esquisito e introspectivo sexto álbum, "13".
O grupo, que completa dez anos agora em 1999, deu raros shows deste "13" na Europa até chegar a estrelar o tradicional Reading Festival. Arrastou público estimado de 60 mil fãs para uma histórica e comemorativa apresentação.
O concerto no festival foi um passeio sonoro do Blur pelas músicas que marcaram a trajetória da banda desde as apresentações para ninguém em bares de Camden Town, em 89, até diante de milhares de fãs, como hoje.
Os sucessos, intercalados com faixas de "13", exprimiram sempre o clima introspectivo, lento, espiritual em que se encontra a banda atualmente.
A bela "Tender", numa versão mais crua, pop, menos gospel do que a do disco, abriu o principal show entre as 150 atrações do festival de Reading deste ano.
"O amor é a maior coisa que você pode sentir. Estou esperando esse sentimento chegar", bradava, emocionado, o vocalista Damon Albarn, com uma inconsolável dor-de-cotovelo desde que foi abandonado pela namorada, a bela Justine, da banda Elastica.
A toada romântica do Blur foi dizimada quando chegou o bis. A ilha inteira deve ter tremido quando a banda entoou clássicos como "There's No Other Way", "Parklife", "Girls & Boys" e a apocalíptica "Song 2". A impressão era a de estar vendo a última grande comunhão entre uma banda e seu público neste século.
Ainda dentro da efeméride pop, o Blur programa uma verdadeira maratona física e monetária para seus simpatizantes.
Saem hoje no Reino Unido 7.000 edições numeradas de uma caixa com os 22 singles da banda, que cobre toda a década de sucesso de uma das bandas mais adoradas do mundo. A caixa custará 99,99 libras, valor próximo a R$ 300.
"3062 Days", a primeira biografia autorizada pela banda, acaba de atingir as prateleiras das livrarias britânicas. No final de semana passado, na Lux Gallery, em Londres, o Blur foi às artes, com exposição de fotos, pinturas, filmes e vídeos sobre a banda. A exposição corre agora a Inglaterra.
Na semana passada, no acanhado clube Electric Ballroom, em Camden, a banda fez um secreto e disputado show tocando só os lados B de singles, com alguns raros ingressos chegando a custar 100 libras na mão de cambistas.
E o Blur anunciou na semana passada a data única de um grandioso show em Londres, no estádio de Wembley: 11 de dezembro. No concerto, a banda tocará todos os seus singles, os "lados A" desta vez, em ordem cronológica. Rola no Reino Unido que neste show o Blur deve anunciar seu fim.
Coisa de outro mundo, o Blur foi escolhido em agosto por cientistas britânicos para compor uma música que a missão espacial inglesa levará ao solo de Marte em maio de 2003.
E, finalmente, dentro desse agitado período comemorativo, enquanto a banda não acaba em Wembley ou compõe canções para marcianos, o Blur encontrou um tempo para tocar no Brasil e, antes, para conceder entrevista exclusiva à Folha.


O jornalista Lúcio Ribeiro viajou ao Reino Unido a convite da gravadora EMI.

O Blur se apresenta no Brasil nos dias 21 (Credicard Hall, São Paulo) e 23 de novembro (Metropolitan, Rio).


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