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LIVRO/LANÇAMENTO
"MARIE ANTOINETTE: THE JOURNEY"
Mulher de Harold Pinter, britânica escreveu sobre Maria dos escoceses e Henrique 8º
Antonia Fraser une glamour e guilhotina
ANTONIO BIVAR
ESPECIAL PARA A FOLHA
A hora de Antonia Fraser foi em
uma tarde de maio no festival literário na fazenda Charleston. Verão campestre inglês, a tenda lotada e todos em suspense aguardando a "honorable" lady Antonia. O título da palestra: "Glamour and Guillotine". Ela irá falar
de seu mais recente "tour de force", a biografia da rainha Maria
Antonieta.
Entre seus livros, estão "As Seis
Esposas de Henrique 8º" e "Mary,
a Rainha dos Escoceses". Antonia
Fraser também vem de alta estirpe. Seu pai, morto em agosto último, foi o sétimo conde de Longford, figura excêntrica e controversa na alta sociedade britânica,
político, banqueiro e editor.
Fraser era casada com um
membro do Parlamento, sir Hugh
Fraser, e tinha seis filhos quando,
em 1975, ocorreu o "coup de foudre" entre ela e o dramaturgo Harold Pinter, de origem pobre, mas
já o melhor autor teatral inglês.
Fraser e Pinter abandonaram
seus respectivos casamentos e estão juntos e felizes até hoje.
Diana Reich, a apresentadora,
entra com Antonia Fraser. Aplausos. Reich avisa que a autora vai
falar 40 minutos. A primeira impressão: ela é uma aristocrata.
Sessenta e nove anos, bem tratada, denotando um feminino autocultivo de boneca loura sexy. Mas,
se a boca é carnuda, sensual, o
semblante é humano e distinto, e
os olhos, profundos e cultos.
Veste um conjunto azul quase
lilás. Brinco e colar de pérolas. Sapato branco de bico bege. De pé,
no púlpito, suas primeiras palavras: "Este é um evento importante porque é a primeira palestra
que faço sobre meu novo livro,
"Marie Antoinette: The Journey".
Vocês são minhas cobaias".
Seu charme inicial é de modéstia. Segue: "Por que Marie Antoinette? São 22 anos desde que publiquei a biografia de outra Maria,
a dos escoceses. Não queria mais
escrever sobre outra rainha trágica. Mas li cartas dela há 32 anos. E
sempre quis escrever sobre Maria
Antonieta. Ela é muito diferente
da Maria dos escoceses".
E vai contando. Coincidências.
"Tive lições de francês, leio os jornais franceses, investi em francês." Pergunta: "Será que a controversa rainha, cuja vida, romântica e dramática, que misturou extravagância e futilidade com alta
cultura, apoio e sustento às artes,
mereceu o trágico destino?". Fraser, muito calma, toma água e
continua.
Maria Antonieta era apolítica.
Não fez muito pela monarquia,
não tinha esse ideal. Era volátil,
frívola e fazia "shopping" como
compensação pelo casamento
mal resolvido e pelas vibrações
negativas vindas da corte. Foi patrona das artes. Encomendou
móveis. Fraser fala de lugares
criados a partir da idéia da beleza
e cita Charleston.
E chega a hora de a autora responder às perguntas do público.
Maria Antonieta foi um caráter
romântico. Como biógrafa, Fraser a interpretou de acordo com a
época (hoje). A roda precisa girar.
As biografias francesas sobre Maria Antonieta são na maioria hostis. Como se ela fosse vápida. E
tem a de Stefan Zweig.
E avisam que só dá tempo para
mais uma pergunta. Alguém pergunta se o livro será publicado na
França. Sim. Mas, aos editores
franceses que a procuraram, Fraser respondeu "non"!
Antonio Bivar é escritor, dramaturgo e
autor de "O que É Punk", entre outros
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