ESPECIAL PARA A FOLHA

Os ingleses adoram ler sobre franceses, e Antonia Fraser, traquejada no gênero, mereceu toda a credibilidade. Nenhum livro nesta estação ganhou tanto espaço nas páginas literárias. Em poucas semanas, "Marie Antoinette: The Journey" estava em primeiríssimo lugar. Sua busca meticulosa por fatos salvam a rainha-mártir Maria Antonieta de séculos de distorções e a traz para o pensamento feminista de hoje.
Fraser conduz seu personagem que, mesmo vilipendiado, segue rumo à guilhotina. Longe de ser maníaca sexual, acusada inclusive de lesbianismo, transparece que a rainha teve apenas um caso extraconjugal, com Axel Fersten, um conde sueco a quem amou nos anos em que o marido não conseguia consumir o ato sexual.
Fora isso, ela confinou suas afeições ao rei. Tiveram dois filhos, um casal, mas o esperado herdeiro (Louis Joseph) só viria 11 anos depois do casamento. Mas aí já estava tudo perdido. E, quando ele morreu, em 1789, aos sete anos, os anos terríveis começaram para valer. Quatro anos depois, aos 37 anos, a rainha seria guilhotinada.
Seguindo o raciocínio de Fraser nesta biografia séria, bem pesquisada e emotiva, os verdadeiros vilões foram os jornalistas e cartunistas da época, que criaram um monstro de alguém que, no fundo, era SÓ descuidada com a própria imagem pública. A conclusão a que se chega é que Antonieta teria se saído melhor como rainha no século 21. (ANTONIO BIVAR)

Marie Antoinette: The Journey
    
Autor: Antonia Fraser
Editoras: Weidenfeld & Nicolson (Inglaterra) e Doubleday (EUA)
Quanto: 25 libras (Reino Unido) e US$ 35, cerca de R$ 97; (488 págs.)
Onde encontrar: www.amazon.com