São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2001

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TELEVISÃO

Em entrevista à Folha, apresentador do "Altas Horas" diz por que sempre há um astro da Globo em seu programa

Groisman faz 1 ano com reforço de globais

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Glória Maria, Reynaldo Gianecchini, Caio Blat, Susana Werner... Muitos, muitos globais estarão nesta madrugada cantando parabéns a Serginho Groisman, que comemora um ano no ar com o programa "Altas Horas".
O formato de manter no palco por duas horas dois ou três atores, da Globo em quase 100% dos casos, e levar atrações musicais populares tem dado à atração uma média de 38% da audiência.
O resultado, razoável, não garante patrocínio ao programa, que enfrenta, além da crise no mercado publicitário, a dificuldade de chegar a entrar no ar quase às 2h. Por isso Groisman diz que irá começar uma peregrinação por agências de publicidade na tentativa de vender seu produto.
Em entrevista à Folha, o apresentador afirma que gostaria que o programa fosse ao ar mais cedo. Assim, poderia fazê-lo ao vivo, o que sempre quis desde que foi para a Globo. Ele fala também sobre o trunfo de usar convidados globais na tentativa de equilibrar o ideal com o que dá audiência.

Folha - Depois de um ano na Globo, como avalia a proposta que sempre demonstrou na carreira de fazer programas inovadores e equilibrar isso com a audiência?
Serginho Groisman -
Se a gente não acreditar que é possível fazer uma TV com alguns princípios, é melhor nem fazer. Quando vim para a Globo, questionavam se eu iria mudar minha postura. Mas, quando saí da TV Cultura para o SBT, foi semelhante. Buscar esse equilíbrio é um desafio, porque a audiência está muito mais ligada a uma certa redundância de temas e atrações. O mais importante não é tanto quem trago ao programa, mas o que faço com eles. Na estrutura atual, os famosos estão sempre presentes, mas, se notarem com mais apuro, verão que eles dão algumas opiniões que, normalmente, não dariam.

Folha - Sempre que assisto ao seu programa há um ator da Globo como convidado. É uma regra?
Groisman -
Neste primeiro ano, trazíamos dois ou três convidados que ficavam no palco durante todo o programa. Eles dão uma sustentação de audiência bacana. Então temos um percentual de atores da Globo muito grande. Mas a participação deles não é tão grande quanto a presença física. Acho que praticamente todo programa teve gente da Globo. Isso é uma facilidade, e o desafio é o que fazer com essas pessoas. Mas o programa vai mudar e os convidados devem ficar só durante um bloco.

Folha - É que fazer um programa com um ator novato da "Malhação" e o KLB não parece muito a cara do Serginho Groisman...
Groisman -
Na verdade, o programa tem uma estratégia muito clara. O primeiro bloco é grande, ocupa quase 50% do que vai ser o programa inteiro. É ligado ao filme que passa antes, que tem uma audiência forte. Então é bem popular, com atrações que mantenham as pessoas ligadas. Quando entra o intervalo, o programa muda, dou uma relaxada com essa coisa da audiência. O programa tem duas metades bem diferentes.

Folha - Você divide o programa naquilo que "tem que fazer" e no que "gosta de fazer"?
Groisman -
É, mas na parte que "tenho que fazer" também há muito que eu posso fazer, de um jeito irônico... Mas é ruim ficar falando esse tipo de coisa. Isso é para ser percebido. Nunca poderia fazer um programa só com o que gosto. A TV deve ser transformadora, mas também dar satisfação ao público. Para muita gente com acesso à cultura, à educação, a TV deve ser transformadora. Para outros, dar lazer. A grande questão é conciliar o prazer com aquilo que você acha que pode mexer com a cabeça do telespectador.



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