São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2007

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Análise/cinema

Pouco lembrada, filmografia é consistente

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Durante entrevista coletiva concedida em intervalo das filmagens do filme "Redbelt", em Los Angeles, em junho deste ano, um jornalista perguntou a Rodrigo Santoro quais eram os atores que mais admirava.
"Entre os homens, Paulo Autran", respondeu Santoro, provocando expressões de curiosidade. "Vocês não o conhecem, mas é o maior ator brasileiro." Depois, citou Fernanda Montenegro -essa eles conheciam.
O episódio lembra que a carreira cinematográfica de Autran não teve um êxito internacional como o de "Central do Brasil" (1998), de Walter Salles, que valeu a Montenegro o prêmio de melhor atriz no Festival de Berlim, uma indicação ao Oscar e o reconhecimento em diversos quadrantes.
Em outros tempos, talvez ainda fosse possível, no exterior, se lembrar de Autran em "Terra em Transe" (1967), de Glauber Rocha. Hoje, seria pedir muito de repórteres que cobrem Hollywood. Apesar disso, e ainda que o teatro e a TV a deixem em segundo plano, sua filmografia é consistente.

23 vezes no cinema
Do advogado que interpretou em "Appassionata" (1952), de Fernando de Barros, ao professor de "O Passado" (2007), de Hector Babenco, foram 20 participações como ator e três como narrador. O populista Porfírio Diaz, que se torna ditador do fictício Eldorado de "Terra em Transe", se destaca como o personagem mais forte.
Comédias como "Uma Pulga na Balança" (1953), de Luciano Salce, "Destino em Apuros" (1954), de Ernesto Remani, e "As Sete Evas" (1962), de Carlos Manga, sugerem que poderia ter feito carreira mais longa nesse gênero.
Babenco, por sinal, guarda ótima lembrança de sua participação em "O Passado". "Ele me disse: não há personagens pequenos, há personagens bons e personagens ruins. Ele se vestiu, criou seu próprio personagem, inspirado em Jacques Tati. Fez uma espécie de acadêmico aloprado."
Em Portugal, Autran estrelou a produção francesa "Vertiges" (1985), de Christine Laurent, inédita no Brasil. "Não fiz mais cinema, na verdade, porque não tive convites para filmar", disse ao crítico Alberto Guzik no livro "Um Homem no Palco". "Penso que durante muito tempo os diretores de cinema achavam que ator de teatro não deve fazer cinema." Azar dos diretores.


Colaborou SILVANA ARANTES , da Reportagem Local


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