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Análise/cinema
Pouco lembrada, filmografia é consistente
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Durante entrevista coletiva concedida em intervalo das filmagens
do filme "Redbelt", em Los Angeles, em junho deste ano, um
jornalista perguntou a Rodrigo
Santoro quais eram os atores
que mais admirava.
"Entre os homens, Paulo Autran", respondeu Santoro, provocando expressões de curiosidade. "Vocês não o conhecem,
mas é o maior ator brasileiro."
Depois, citou Fernanda Montenegro -essa eles conheciam.
O episódio lembra que a carreira cinematográfica de Autran não teve um êxito internacional como o de "Central do
Brasil" (1998), de Walter Salles,
que valeu a Montenegro o prêmio de melhor atriz no Festival
de Berlim, uma indicação ao
Oscar e o reconhecimento em
diversos quadrantes.
Em outros tempos, talvez
ainda fosse possível, no exterior, se lembrar de Autran em
"Terra em Transe" (1967), de
Glauber Rocha. Hoje, seria pedir muito de repórteres que cobrem Hollywood. Apesar disso,
e ainda que o teatro e a TV a
deixem em segundo plano, sua
filmografia é consistente.
23 vezes no cinema
Do advogado que interpretou
em "Appassionata" (1952), de
Fernando de Barros, ao professor de "O Passado" (2007), de
Hector Babenco, foram 20 participações como ator e três como narrador. O populista Porfírio Diaz, que se torna ditador
do fictício Eldorado de "Terra
em Transe", se destaca como o
personagem mais forte.
Comédias como "Uma Pulga
na Balança" (1953), de Luciano
Salce, "Destino em Apuros"
(1954), de Ernesto Remani, e
"As Sete Evas" (1962), de Carlos Manga, sugerem que poderia ter feito carreira mais longa
nesse gênero.
Babenco, por sinal, guarda
ótima lembrança de sua participação em "O Passado". "Ele
me disse: não há personagens
pequenos, há personagens
bons e personagens ruins. Ele
se vestiu, criou seu próprio personagem, inspirado em Jacques Tati. Fez uma espécie de
acadêmico aloprado."
Em Portugal, Autran estrelou a produção francesa "Vertiges" (1985), de Christine Laurent, inédita no Brasil. "Não fiz
mais cinema, na verdade, porque não tive convites para filmar", disse ao crítico Alberto
Guzik no livro "Um Homem no
Palco". "Penso que durante
muito tempo os diretores de cinema achavam que ator de teatro não deve fazer cinema."
Azar dos diretores.
Colaborou SILVANA ARANTES , da Reportagem
Local
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