São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Brasil vive situação semelhante à do Iraque, afirma José Wilker

Diretor estreia hoje no Rio drama sobre a guerra no país árabe

DO RIO

"Nós somos uma espécie de Iraque", diz José Wilker.
Ele usa a analogia para explicar a relevância de encenar, para uma plateia brasileira, "Palácio do Fim", peça que trata dos dramas do país árabe por meio de três personagens reais e que estreia hoje no teatro Poeira, no Rio. "Guardadas as proporções, tudo o que há de ruim causado pela guerra [do Iraque] e pelo período anterior a ela, a gente vive aqui. Uma situação semelhante de corrupção, de violência, de crimes sexuais, de brutalidade policial. Então acho que vale a pena falar desse assunto."
Wilker falou com a Folha na sexta, após dirigir um ensaio do texto da canadense Judith Thompson -que assistiu em 2008, na estreia, em Nova York, e imediatamente quis comprar para encenar.
São três monólogos (que entrelaçou em vez de apresentá-los em sequência) de personagens ligados ao Iraque. A mais notória é a soldado americana Lynndie England (Camila Morgado), que apareceu torturando prisioneiros nas fotos de Abu Ghraib. "Acho essa americana uma personagem belíssima. Ela me provoca uma compaixão monumental, e é isso que o espetáculo precisa provocar, solidariedade na dor", diz.
Os outros são o cientista David Kelly (Antonio Petrin), que se suicidou após denunciar a farsa das "armas de destruição em massa" e a iraquiana Nehrjas Al Saffarh.
Interpretada por Vera Holtz ("Comprei a peça pensando nela", diz Wilker), ela é uma presa política durante o regime de Saddam Hussein (na época apoiado pelos EUA), torturada com seu filho. Tanto pela temática quanto pelo estilo do texto, "Palácio do Fim" está longe de ser uma peça palatável, e Wilker tem consciência disso.
"É pesado, sim, mas é muito bom e é necessário. A gente, hoje, precisa pensar. O público está habituado a assistir ao teatro como um primo pobre do pior produto televisivo. Gosto mais de teatro, então trabalho mais assim." Nessa filosofia, diz não levar em conta o lado comercial. "Se eu quiser ganhar dinheiro, sei onde ir. Faço teatro porque acho que presto um serviço social ao nível da sensibilidade das pessoas."
(MARCO AURÉLIO CANÔNICO)

PALÁCIO DO FIM
QUANDO de qui. a sáb., às 21h; dom. às 19h; até 4/12
ONDE teatro Poeira (r. São João Batista, 104, Botafogo, Rio, tel. 0/xx/21/2537-8053)
QUANTO R$ 40 (qui. e sex.) e R$ 50 (sáb. e dom.)
CLASSIFICAÇÃO 14 anos


Texto Anterior: Rubricas
Próximo Texto: Coleção apresenta arquitetura de Foster
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.