São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 2000 |
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POLÍTICA CULTURAL Evento institui associação de integração latino-americana Fórum "dilui" fronteiras do Mercosul DA REPORTAGEM LOCAL Não existirá integração cultural entre os países do Mercosul sem a participação, no processo, da sociedade civil. Essa foi a principal conclusão do 2º Fórum Internacional de Integração Cultural Arte sem Fronteiras, que terminou na sexta-feira, em São Paulo. Durante três dias, mais de cem agentes culturais de sete países latino-americanos participaram de debates na sede do Itaú Cultural. Na conclusão do evento foi anunciada a criação de uma comissão permanente para discutir a integração cultural dos países americanos, com a primeira reunião marcada para 2001, no Chile. "Sentir-se latino-americano é uma questão de consciência e o conseguimos em contatos pessoais. Nos contatos reais construímos o universo simbólico que depois nos acompanha", explicou à Folha Monica Allende Serra, presidente da Arte sem Fronteiras (ASF), associação que organizou o fórum. Além de atuar nos "contatos pessoais", a ASF lançou durante o evento o projeto de um poderoso instrumento de trocas virtuais. A instituição fez um mapeamento de 1.200 órgãos culturais privados e públicos latino-americanos que estarão em um site a ser lançado em breve. Assim como Monica, o diretor do Museu de Arte Contemporânea, Teixeira Coelho, reforçou que a integração cultural do Mercosul é uma "batalha que se ganha no campo simbólico". O também professor da USP salientou ainda a importância que a sociedade civil tem, inclusive na gestão das políticas culturais. Foi dele também a proposta mais polêmica do fórum. Ele defendeu a mudança do nome Mercosul, que designa o bloco econômico formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. "Eufonicamente é ruim e divulga uma idéia perniciosa -a de que essa integração possa ser feita por um mercado." Mais do que eliminação das barreiras culturais, o diretor do Itaú Cultural (IC), Ricardo Ribenboim, falou em "diluição das fronteiras". Segundo ele, para efetivar essa aproximação é necessária a criação de uma "trama de instituições culturais". O IC, originalmente voltado apenas para a cultura brasileira, estaria disposto a fazer intercâmbio com instituições de outros países. "O Itaú Cultural se coloca no papel de articulador, de propor relações efetivas de trocas culturais definitivas", diz o diretor do instituto. Ribenboim chama atenção ainda para o papel do Arte sem Fronteira, que, segundo ele, saiu do 2º Fórum com a proposta de ser um grande articulador entre a sociedade civil e o Estado. "O ideal seria a criação de um canal de televisão que desse vazão aos imaginários culturais latino-americanos", diz Teixeira Coelho. "Isso oxigenaria os neurônios do Mercosul", afirmou. Texto Anterior: Obra de Puig une homossexual e revolucionário Próximo Texto: História: Arte bizantina é tema de palestra na Folha Índice |
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