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Arte cinética é tema de mostra
Instituto Tomie Ohtake apresenta cerca de 80 obras que exploram o movimento como conceito-base
Mostra, que já passou pelo Reina Sofía, em Madri,
reúne trabalhos de Jesús Soto, Carlos Cruz-Diez, Duchamp e Moholy-Nagy
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O movimento é o tema central de uma das mais importantes exposições do ano, que é
aberta hoje no Instituto Tomie
Ohtake, em São Paulo. "O(s) Cinético(s)" exibe cerca de 80
obras de 45 artistas, algumas
originárias de museus europeus prestigiados, como o Centro Georges Pompidou (em Paris) e o Thyssen-Bornemisza
(em Madri).
A organização também vem
de um dos mais importantes
museus da capital espanhola, o
Reina Sofía, onde "O(s) Cinético(s)" esteve de março a julho
deste ano, alcançando grande
sucesso de público. "Duzentas
mil pessoas a visitaram, um dos
maiores sucessos do ano na Espanha", conta o curador da
mostra, o cubano radicado na
Espanha Osbel Suárez.
Ele diz que quis lançar um
"olhar transversal sobre o conceito de cinético", não se detendo apenas em trabalhos e nomes costumeiramente ligados
ao movimento, em especial no
período entre os anos 50 e 60.
Naquela década, em Paris, artistas se reuniram em torno da
galeria Denise René e teorizaram sobre a arte cinética, desenvolvendo o estilo. Entre
eles, estavam os venezuelanos
Jesús Soto (1923-2005) e Carlos Cruz-Diez. No Tomie Ohtake, eles são dois dos principais
focos da exposição.
Soto é bastante conhecido no
Brasil -teve grandes individuais e esteve presente na Bienal de São Paulo- e tem uma
famosa obra, "Penetrável"
(com tiras de plástico suspensas do teto), colocada em um
lugar estratégico, na entrada da
segunda sala expositiva.
"O trabalho requer que o público entre nele e mova as tiras
para que possa sair. É um dos
movimentos ativos que o cinetismo propõe", diz Suárez. Ele
ressalta que o denominador comum entre as obras expostas "é
que o movimento do olhar
sempre é fundamental."
De Cruz-Diez, que ganhou
uma mostra individual neste
ano no Gabinete de Arte Raquel Arnaud, em São Paulo, o
destaque recai sobre a instalação "Cromosaturação", grande
sala com luzes e cores fortes
que mudam de acordo com o
andar do visitante.
"Por minha trajetória cromática, tento pôr em evidência a
cor como situação efêmera e
autônoma", escreve o principal
artista cinético vivo no livro
"Reflexão sobre a Cor", explicando seus trabalhos.
Origens
O curador da mostra também
apresenta obras vinculadas às
vanguardas estéticas do início
do século 20 que exploravam o
movimento. Entre elas destacam-se os filmes "Anémic Cinéma" e "Ein Lichtspiel
Schwarz-weiss-grau", de Marcel Duchamp (1887-1968) e
Moholy-Nagy (1895-1946),
pertencentes ao acervo do
Pompidou, exibidos logo na
primeira sala.
"É muito forte nessas projeções a expressão por meio do
movimento, assim como em
outros nomes modernos", diz
Suárez. Com a mesma característica conceitual, ele destaca
telas de Dalí (1904-1989) e fotografias de Man Ray (1890-1976).
O(S) CINÉTICO(S)
Quando: abertura hoje, às 20h; de ter.
a dom., das 11h às 20h; até 13/1
Onde: Instituto Tomie Ohtake (r. Coropés, 88, tel. 0/xx/11/ 2245-1900)
Quanto: entrada franca
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