São Paulo, terça-feira, 13 de novembro de 2007

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Arte cinética é tema de mostra

Instituto Tomie Ohtake apresenta cerca de 80 obras que exploram o movimento como conceito-base

Mostra, que já passou pelo Reina Sofía, em Madri, reúne trabalhos de Jesús Soto, Carlos Cruz-Diez, Duchamp e Moholy-Nagy

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O movimento é o tema central de uma das mais importantes exposições do ano, que é aberta hoje no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. "O(s) Cinético(s)" exibe cerca de 80 obras de 45 artistas, algumas originárias de museus europeus prestigiados, como o Centro Georges Pompidou (em Paris) e o Thyssen-Bornemisza (em Madri).
A organização também vem de um dos mais importantes museus da capital espanhola, o Reina Sofía, onde "O(s) Cinético(s)" esteve de março a julho deste ano, alcançando grande sucesso de público. "Duzentas mil pessoas a visitaram, um dos maiores sucessos do ano na Espanha", conta o curador da mostra, o cubano radicado na Espanha Osbel Suárez.
Ele diz que quis lançar um "olhar transversal sobre o conceito de cinético", não se detendo apenas em trabalhos e nomes costumeiramente ligados ao movimento, em especial no período entre os anos 50 e 60. Naquela década, em Paris, artistas se reuniram em torno da galeria Denise René e teorizaram sobre a arte cinética, desenvolvendo o estilo. Entre eles, estavam os venezuelanos Jesús Soto (1923-2005) e Carlos Cruz-Diez. No Tomie Ohtake, eles são dois dos principais focos da exposição. Soto é bastante conhecido no Brasil -teve grandes individuais e esteve presente na Bienal de São Paulo- e tem uma famosa obra, "Penetrável" (com tiras de plástico suspensas do teto), colocada em um lugar estratégico, na entrada da segunda sala expositiva. "O trabalho requer que o público entre nele e mova as tiras para que possa sair. É um dos movimentos ativos que o cinetismo propõe", diz Suárez. Ele ressalta que o denominador comum entre as obras expostas "é que o movimento do olhar sempre é fundamental."
De Cruz-Diez, que ganhou uma mostra individual neste ano no Gabinete de Arte Raquel Arnaud, em São Paulo, o destaque recai sobre a instalação "Cromosaturação", grande sala com luzes e cores fortes que mudam de acordo com o andar do visitante.
"Por minha trajetória cromática, tento pôr em evidência a cor como situação efêmera e autônoma", escreve o principal artista cinético vivo no livro "Reflexão sobre a Cor", explicando seus trabalhos.
Origens
O curador da mostra também apresenta obras vinculadas às vanguardas estéticas do início do século 20 que exploravam o movimento. Entre elas destacam-se os filmes "Anémic Cinéma" e "Ein Lichtspiel Schwarz-weiss-grau", de Marcel Duchamp (1887-1968) e Moholy-Nagy (1895-1946), pertencentes ao acervo do Pompidou, exibidos logo na primeira sala.
"É muito forte nessas projeções a expressão por meio do movimento, assim como em outros nomes modernos", diz Suárez. Com a mesma característica conceitual, ele destaca telas de Dalí (1904-1989) e fotografias de Man Ray (1890-1976).


O(S) CINÉTICO(S)
Quando:
abertura hoje, às 20h; de ter. a dom., das 11h às 20h; até 13/1
Onde: Instituto Tomie Ohtake (r. Coropés, 88, tel. 0/xx/11/ 2245-1900)
Quanto: entrada franca


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